Calor extremo: secretário-geral da ONU apela à ação

UN Photo/Mark Garten secretário-geral António Guterres informa os jornalistas sobre o calor extremo.

 

As alterações climáticas estão a criar um mundo mais quente e mais perigoso para todos. 70% da população ativa está exposta a calor excessivo, o que resulta em 18.970 mortes por ano. Guterres lançou um pedido urgente para que os países tomem medidas para enfrentar este problema.

 

Ameaça global

O calor extremo provou ser mortal e perturbador. Estima-se que 2,41 mil milhões de trabalhadores no mundo estão expostos a calor excessivo, afirma o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Entre 2000 e 2019, registaram-se cerca de 489 000 mortes anuais relacionadas com o calor, 45% das quais na Ásia e 36% na Europa. Além disso, a exposição ao calor resultou em perdas económicas significativas, com uma perda estimada de 863 mil milhões de dólares em 2022 devido à redução da capacidade de trabalho.

Nos últimos 100 dias, vários países enfrentaram as consequências do calor extremo: mortes na Arábia Saudita e na Índia, alertas de insolação no Japão, encerramento de escolas no Bangladesh e nas Filipinas e novos recordes de temperatura nos Estados Unidos. Junho de 2024 foi o 13º mês consecutivo a bater recordes de temperatura mundial e prevê-se que 2024 seja um dos anos mais quentes da história.

 

Vulnerabilidade e Desigualdades

Embora todos estejam em risco, as comunidades mais vulneráveis são as mais afetadas uma vez que as políticas para lidar com o calor extremo ainda são fragmentadas e subfinanciadas. As populações mais pobres, pessoas deslocadas, idosos, crianças, pessoas com deficiências, grávidas e trabalhadores ao ar livre enfrentam riscos elevados. Em muitos países, ar-condicionado e áreas verdes são luxos inacessíveis para os mais pobres.

“O calor extremo está a devastar cada vez mais as economias, aumentando as desigualdades, a comprometer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e a matar pessoas” sublinha o secretário-geral na sua mais recente mensagem de apelo à ação.

 

 

Apelo à ação coletiva

Segundo um relatório da equipa para a Ação Climática do secretário-geral da ONU enfatiza a necessidade de uma estratégia global que mobilize governos, decisores políticos e todas as partes interessadas para prevenir e reduzir os riscos do calor extremo e mitigar os piores impactos.

Guterres delineou assim as áreas críticas para a ação mundial: cuidar a população mais vulnerável através da implementação de medidas de proteção para os que são mais afetados pelo calor, criar políticas de segurança e de saúde ocupacional para reduzir os riscos associados ao calor e proteger os trabalhadores, utilizar de dados e ciência para fortalecer a resiliência das economias e sociedades e estabelecer um limite do aumento da temperatura abaixo de 1,5°C.

Uma resposta unificada mundialmente é a única solução, e deve ser urgente e coordenada, com foco em proteger os mais vulneráveis e construir um futuro mais resiliente e sustentável.