Novo relatório ONU SIDA: VIH/SIDA pode ser erradicado até 2030

© Fizkes I Símbolo de sensibilização para o VIH e SIDA

 

O relatório “A Urgência do Agora: o VIH/SIDA Frente a Uma Encruzilhada”, da autoria da ONU SIDA reúne novos dados e casos de estudo que demonstram como as decisões e escolhas políticas tomadas pelos líderes mundiais este ano vão determinar o destino de milhões de vidas – e ainda se a pandemia mais mortal do planeta será superada.

Em todo o mundo, das 39,9 milhões de pessoas que vivem com o VIH, 9,3 milhões, quase um quarto das mesmas, não estão a receber o tratamento necessário. Como consequência, por minuto, uma pessoa morre devido a causas relacionadas a doença. Os líderes mundiais prometeram reduzir as novas infeções anuais para menos de 370 mil até 2025, no entanto, as novas infeções de VIH ainda são mais de três vezes superiores a isso. Em 2023, houve 1,3 milhões de novas infeções.

Em Portugal, segundo os dados recolhidos pela Direção Geral de Saúde a 30 de junho de 2023, foram registados 804 casos de infeção por VIH com diagnóstico em 2022. Registou-se uma redução de 56% no número de novos casos de infeção e de 74% em novos casos entre 2013 e 2022. Estima-se que viviam em Portugal, com registos até ao final de 2021, 45.352 pessoas com infeção por VIH, 94,4% das quais já diagnosticadas.

 

Expansão da prevenção

Embora tenha sido feito um progresso considerável na prevenção de novas infeções por VIH, que caíram 39% mundialmente desde 2010 e 59% na África Oriental, o relatório da ONU SIDA mostra que há três regiões do mundo onde há um aumento do número de novas infeções: Médio Oriente e Norte da África, Europa Oriental e Ásia Central, e América Latina.

As desigualdades persistem e as consequências são visíveis. O relatório demonstra que os serviços de prevenção e tratamento do VIH só alcançarão as pessoas se os direitos humanos forem respeitados, se leis injustas contra mulheres e contra comunidades marginalizadas forem abolidas e se a discriminação e a violência forem enfrentadas devidamente.

 

Financiamento

No mundo inteiro, o financiamento está a diminuir, impedindo o progresso e até mesmo levando ao aumento de epidemias em certas regiões. Em 2023, os recursos totais disponíveis para o VIH (US$ 19,8 mil milhões) caíram 5% em relação a 2022 e estavam 9,5 mil milhões abaixo do montante necessário até 2025 (US$ 29,3 mil milhões). O financiamento interno nos países de baixo e médio rendimento – que representam 59% dos recursos totais para o VIH – está a ser limitado pela crise da dívida e caiu pelo quarto ano consecutivo, com uma queda de 6% de 2022 para 2023.

O ex-Conselheiro Científico do presidente dos Estados Unidos da América, Dr. Anthony Fauci, fez um alerta sobre os muitos desafios que impedem o progresso para o fim da pandemia do VIH/SIDA: “Devemos fazer tudo o que pudermos para ser continuamente vocais e proativos. O fracasso não é uma opção aqui. Na verdade, é impensável. Se todos trabalharmos juntos, alcançaremos nosso objetivo comum”.