10 factos pouco conhecidos sobre as forças de manutenção da paz da ONU

Unidade policial feminina da Índia em Monróvia, Libéria. UNMIL Photo/Christopher Herwig

Este ano, o Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz, celebrado a 29 de maio, analisa os contributos das forças de manutenção da paz: militares, policiais e civis nos últimos 76 anos.

A presença de forças de manutenção da paz da ONU em zonas de conflito contribui para que haja menos mortes de civis, menos violência e uma maior probabilidade de paz duradoura.

 

11 teatros de operações

Os Capacetes Azuis estão presentes um pouco por todo o mundo: atuando atualmente em 11 operações de manutenção da paz. O seu papel é ajudar os países em crise a criar as condições necessárias para uma paz duradoura.

Cinco destas missões encontram-se em África, que continua a ser o continente mais afetado pela violência, pela fome e pela instabilidade política. As forças armadas da ONU estão presentes no Sahara Ocidental (MINURSO), na República Democrática do Congo (MONUSCO), na República Centro-Africana (MINUSCA), no Sudão do Sul (UNMISS) e no Sudão/Sudão do Sul/Abyei (UNISFA).

A Europa é também um teatro de operações para as forças de manutenção da paz da ONU, no Kosovo/Sérvia (UNMIK) e no Chipre (UNFICYP).
O Médio Oriente é a região onde as forças de manutenção da paz da ONU intervêm há mais tempo. Atualmente, estão presentes no Líbano (UNIFIL), em Israel/Síria (UNDOF) e no Médio Oriente (UNTSO).

A Índia/Paquistão (UNMOGIP) é a única missão ativa na Ásia.

Vidas dedicadas ao serviço da paz

Nos últimos 76 anos, 2 milhões de homens e mulheres de 124 países diferentes participaram em operações de manutenção da paz das Nações Unidas. Este número é equivalente à força atual do Exército Popular Chinês, o maior exército do mundo.

Os países contribuem de forma diferente para a composição dos Capacetes Azuis. O maior contribuinte é o Nepal, que envia 6 124 pessoas para as operações de manutenção da paz da ONU. A Índia, o Bangladesh e o Ruanda também contribuem com cerca de 6.000 soldados cada.

Atualmente, existem 72.255 soldados de manutenção da paz da ONU. O equivalente à população do concelho de Santarém.  Até 2028, a missão de manutenção da paz da ONU tem como objetivo aumentar o número de mulheres nas suas fileiras. Atualmente, existem apenas 6.249 mulheres, ou seja, 9,7% dos efetivos.

4.370 agentes da paz perderam a vida durante as suas missões. 1.600 foram vítimas de doença, 1.400 de acidentes e 1.300 de atos dolosos (atentados, assassínios, etc.).

Este dia presta-lhes homenagem.

 

Atupele Mbewe, Bindeshwari Tanwar e Ritu Pandey, forças de manutenção da paz da UNMISS do Malawi, Índia e Nepal, respetivamente, são fotografadas com colegas na sede da missão em Juba, Sudão do Sul. Foto: UN Photo/Gregório Cunha

 

Um orçamento apertado…

O orçamento anual para as operações de manutenção da paz da ONU é de 6,1 mil milhões de dólares, ou seja, apenas 0,5% da despesa militar global. É consideravelmente menos do que o orçamento dos Jogos Olímpicos de Paris, por exemplo, que irão custar 10 mil milhões de dólares.

Os Estados Unidos (27,89%), a China (15,2%) e o Japão (8,5%) são os maiores contribuintes para as forças armadas das Nações Unidas.

 

… para missões de grande envergadura

A primeira operação de manutenção da paz da ONU foi criada em maio de 1948, quando o Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de observadores militares para o Médio Oriente. A Organização das Nações Unidas para a Supervisão da Trégua (UNTSO) nasceu desta missão, para monitorizar o acordo de armistício entre Israel e os seus vizinhos. Ainda hoje existe.

1,13 mil milhões de dólares: este é o custo anual da maior e mais dispendiosa missão de manutenção da paz da ONU, a MONUSCO, na República Democrática do Congo. Esta missão, criada em 2010, conta com um total de 23.000 efetivos de manutenção da paz.

Esforços de paz recompensados

Em 1988, as forças de manutenção da paz das Nações Unidas foram galardoadas com o Prémio Nobel da Paz pelas suas ações em territórios dilacerados por conflitos.

“As forças de manutenção da paz das Nações Unidas contribuíram, em condições extremamente difíceis, para reduzir as tensões em locais onde foi negociado um armistício, mas onde ainda não foi estabelecido um tratado de paz”, declarou o Comité Nobel no seu comunicado de imprensa.