8 MIL MILHÕES DE PESSOAS 

Hoje, dia 15 de novembro, vivemos mais um momento histórico da humanidade:  a população mundial chega ao marco das 8 mil milhões de pessoas. Apesar do abrandamento do ritmo de crescimento, prevê-se que cheguemos às 9 mil milhões em 2037 e às 10 mil milhões por volta de 2058. 

Existem, então, oito tendências que nos ajudam não só a compreender o crescimento populacional até ao presente, mas também perceber as previsões do crescimento humano para o futuro. 

1 Crescimento lento – apesar do aumento da população mundial, as taxas de natalidade continuam a decrescer e o envelhecimento a aumentar, devido às melhores condições de vida e à redução da taxa de mortalidade infantil. Em 1963 o acrescimento populacional anual era de 2,3% e em 2022 foi de 0,8%. 

2 Menos crianças – a taxa de fertilidade mundial tem vindo a decrescer, algo que que se deve ao aumento das oportunidades de educação e de trabalho para meninas e mulheres. Assim, a percentagem de crianças está a diminuir, no entanto a esperança média de vida continua a aumentar: 60% das pessoas vivem num país ou região onde a fertilidade é inferior ao nível de substituição geracional necessária.  

3 Vidas mais longas – a esperança média de vida (EMV) está a aumentar mundialmente: em 2019 era de 72.8 anos e prevê-se que aumente para 77.2 em 2050. Isto deve-se à baixa mortalidade, que por sua vez se deve a melhores condições de vida. No entanto, esta dinâmica varia significativamente, posto que nos países menos desenvolvidos a EMV é de 63 anos, quase menos 10 anos que a média mundial.  

4 Pessoas em movimento – a migração internacional está a mudar as populações. Em alguns países com baixas taxas de natalidade, a imigração é o que sustenta o crescimento populacional, ao passo que noutros, a emigração contribui para o decréscimo da população. Em 2020, 281 milhões de pessoas viviam fora do seu país de origem, mais 128 milhões do que em 1990. 

5 População envelhecida – com a queda das taxas de natalidade e o aumento da EMV, a população mundial tem envelhecido rapidamente. Assim sendo, a estrutura etária da população está a mudar – em 2018, pela primeira vez, existiam mais pessoas com mais de 65 anos do que crianças de 5 anos. No entanto, o envelhecimento ocorre de formas diferentes: a Europa e a América do Norte lideram o ranking de população mais envelhecida. 

6 As mulheres vivem mais tempo que os homens – mundialmente, nascem mais meninos do que meninas, porém, as mulheres vivem mais tempo do que os homens em quase todos os sítios.  Nascem 106 rapazes para cada 100 raparigas, contudo, ao longo da vida os jovens do sexo masculino morrem mais do que as mulheres devido a comportamentos de risco e a piores sistemas imunitários. Com uma EMV de 18.8 anos depois dos 65, comparativamente aos 15.9 dos homens, as mulheres são mais do que os homens em praticamente todas as populações envelhecidas. 

7 Duas pandemias – o covid-19 teve um grande impacto na mortalidade, especialmente nas regiões que tinham sido previamente afetadas com o vírus do VIH/SIDA. Entre 2020 e 2021 a pandemia da covid-19 levou a mais 14.9 milhões de mortes do que era esperado, sendo que mais de metade destas mortes foram em países mais pobres. Entre 2019 e 2021 a esperança de vida à nascença diminuiu 1.7 anos mundialmente, e desde 1980 a SIDA já matou mais de 40 milhões de pessoas. 

8 A mudança dos grandes centros – as regiões estão a crescer a ritmos diferentes o que faz com que a distribuição geográfica da população mundial se vá alterando. Desde 2022 metade da população mundial vive em África, sendo a Índia e a China os países mais populosos. Entretanto, a África subsariana tem sido a região com o mais rápido crescimento desde 1980, tendo registado 2,5% de crescimento em 2022, face aos 0,8 mundiais. É expectável que duplique até 2050, projetando ser a região mais populosa em 2060.  

Atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), particularmente os que estão relacionados com a saúde, a educação e a igualdade de género, pode contribuir para abrandar o crescimento da população mundial. As decisões políticas devem ter em consideração as tendências populacionais em todos os aspetos do planeamento, identificando áreas de crescimento onde os programas podem chegar a mais pessoas, bem como áreas onde as alterações do perfil demográfico podem significar oportunidades de acelerar o progresso para a realização dos ODS.  

Chegar às 8 mil milhões de pessoas significa desafios acrescidos: mais bocas para alimentar, mais casas para construir e mais pessoas para educar. Porém, chegar a este número significa também o fortalecimento da humanidade, o aumento da imunidade e a criação de muitas mais oportunidades para prosperar.  


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