A crise humanitária no Afeganistão

A crise humanitária no Afeganistão afeta 18 milhões de pessoas – metade da população do país.

Várias agências da Organização das Nações Unidas (ONU) alertam para a escassez de alimentos já em setembro. Com as restrições no aeroporto de Cabul, primeiros socorros, como equipamento cirúrgico e alimentos, ficam sem chegar ao destino.

Agências pedem a criação imediata de uma “ponte aérea humanitária”.

lefr Rahima

As agências da ONU exigem a criação de uma “ponte aérea humanitária” para atender às necessidades do povo afegão. Apesar de um “sentimento de medo”, reiteraram o seu compromisso e informam que continuam a ter acesso à população mais vulnerável em todo o país.

As necessidades humanitárias não podem ser deixadas para trás  

  • Assistência vital

O ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, está preocupado com as necessidades humanitárias no Afeganistão e pede apoio para assegurar que todos aqueles que necessitam de assistência não sejam esquecidos – segundo a agência, é urgente prestar assistência ao povo afegão, incluindo aos cerca de meio milhão de desalojados,  80% dos quais são mulheres e crianças.

Com 550.000 pessoas deslocadas dentro do Afeganistão, só este ano, a ACNUR emitiu um pedido de financiamento urgente de 62,8 milhões de dólares para lidar com as necessidades imediatas. As necessidades globais para a situação no país são de 351 milhões de dólares, com níveis de financiamento atualmente nos 43%.

Se quiser ajudar o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados pode fazê-lo aqui.

  • Desafio alimentar

O Programa Alimentar Mundial (PAM) afirmou que as operações têm continuado em todo o Afeganistão. Só na semana passada, o PAM chegou a 80.000 pessoas com cerca de 600 toneladas de produtos alimentares que fizeram chegar às populações através de travessias humanitárias, do Uzbequistão, Paquistão e Turquemenistão, embora apenas 50% dos fornecimentos chegassem.

No entanto, a escassez é iminente. O diretor adjunto do PAM no Afeganistão, Andrew Patterson, adverte para a chegada do inverno e a possibilidade de queda de neve que irá impossibilitar a distribuição de alimentos. São necessárias mais de 54.000 toneladas de alimentos para o povo afegão até ao final de dezembro o equivalente a 200 milhões de dólares para comprar alimentos para 20 milhões de pessoas – que estão previstas precisar deles.

  • Proteção da saúde

O diretor regional da Organização Mundial de Saúde, Richard Brennan, explicou que a agência não consegue enviar as cerca de 500 toneladas de material médico previstas para a população, devido a restrições no aeroporto de Cabul.

Direitos das mulheres

Esta crise humanitária tem vindo a colocar no centro a questão dos direitos das mulheres. A diretora executiva da UNICEF, Henrietta Fore, prevê que as necessidades humanitárias das mulheres e crianças irão aumentar nos próximos meses, devido à seca, consequente escassez de água e a pandemia. Segundo a diretora, a UNICEF está a aumentar os seus programas e espera expandir operações para áreas que anteriormente não podiam ser alcançadas.

Se quiser ajudar o trabalho humanitário da UNICEF, pode fazê-lo aqui.

Por sua vez, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, sublinhou a importância dos direitos das mulheres realçando que o futuro do Afeganistão depende da criação de um ambiente inclusivo e propício onde todas as pessoas, incluindo mulheres e meninas, possam prosperar através da sua participação plena, igual e significativa.

Sessão Especial sobre o Afeganistão no Conselho de Direitos Humanos

A Alta-Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, afirmou que tem vindo a receber inúmeros relatos de violações graves cometidas pelos Taliban no Afeganistão, incluindo execuções sumárias de civis, restrições à liberdade das mulheres e protestos.

Esta sessão de emergência, realizada a pedido do Paquistão e da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), teve como intuito a análise da situação de crise do país e a possibilidade de criação de um mecanismo próprio para o acompanhamento da evolução da situação de direitos humanos no Afeganistão, numa referência à possibilidade do conselho nomear uma comissão de inquérito, um relator especial ou uma missão de averiguação sobre a situação do país.

Bachelet considera que a forma como as mulheres são tratadas pelos Talibans é um assunto que se encontra na “linha vermelha”, realçando o tratamento discriminatório que as mulheres e meninas sofrem e a falta de respeito pelos seus direitos à liberdade, liberdade de movimento, educação, expressão e emprego.

G7 sobre o Afeganistão

Os líderes do G7 exigiram aos talibãs que deixem sair afegãos após a retirada das tropas ocidentais do país a 31 de agosto. O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação com relatos de “assédio” e “intimidações” a trabalhadores humanitários no país e comprometeu-se a zelar pela sua segurança.


Direito Internacional e Justiça

Entre as maiores conquistas das Nações Unidas está o desenvolvimento de um corpo de leis internacionais, convenções e tratados que promovem o desenvolvimento económico...