A importância das mulheres na diplomacia

Desde a sua fundação há 79 anos, nenhuma mulher foi eleita secretária-geral das Nações Unidas e apenas quatro mulheres foram eleitas para a presidência da Assembleia Geral. Este dia 24 de junho assinala-se o Dia Internacional das Mulheres na Diplomacia, numa altura em que se tenta mudar esta realidade.

No rascunho do documento final da Cimeira do Futuro da ONU, que terá lugar em setembro, há um apelo indireto à mudança.

“Ter em conta durante os próximos e subsequentes processos de seleção e de nomeação o facto lamentável de nunca ter havido uma mulher secretária-geral”, lê-se na 38.ª ação do Pacto para o Futuro.

Foto ONU/Mark Garten

A GWL Voices, uma organização de mulheres que serviram como diplomatas de topo na ONU e em outras organizações, fez lobby para que mais mulheres ocupassem cargos de topo na ONU, incluindo o de secretário-geral, onde nove homens e nenhuma mulher serviram desde 1945.

“O GWL Voices tem defendido a paridade na eleição da figura do secretário-geral da ONU com sua Campanha Senhora secretária-geral. Os membros do GWL Voices acreditam que já passou da hora de esta tradição acabar”, disse Flavia Bustreo, ex-diretora-geral adjunta da OMS e membro do GWL Voices, em entrevista ao site da UNRIC.

As vozes da GWL incluem Helen Clark, ex-chefe do PNUD, Irina Bokova, ex-chefe da UNESCO, e Tarja Halonen, ex-presidente da Finlândia. A sua diretora executiva é María Fernanda Espinosa, uma das quatro mulheres eleitas presidente da Assembleia Geral.

GWL Voices apontam que as mulheres representam apenas 27% de todos os representantes permanentes na ONU.

“E a presidência da Assembleia Geral, cargo-chave eleito pelos associados todos os anos, foi ocupada por um total de 74 homens e por apenas quatro mulheres. E das 21 vice-presidências da Assembleia Geral, apenas 14% são ocupadas por Estados-membros com mulheres como representantes permanentes.”

GWL Voices Flavia Bustreo diz que a Cimeira do Futuro será uma oportunidade para trazer essas questões para primeiro plano. “Não podemos cambalear e continuar a ter tão pouca representação das mulheres nos sistemas multilaterais e na diplomacia”, afirma Bustreo.

“Devemos enviar uma mensagem às gerações futuras de que isto não é justo e devemos permitir-lhes que tenham o melhor. Merecem paridade de género e acesso igual a oportunidades em todos os setores, incluindo nas organizações multilaterais.”

A falta de representação feminina no domínio da paz e segurança também é preocupante.

No entanto, dos cinco processos de paz liderados ou coliderados pelas Nações Unidas em 2021, dois foram liderados por mulheres mediadoras e todos os cinco consultaram a sociedade civil e receberam conhecimentos especializados sobre questões de género. Nos fóruns multilaterais de desarmamento, persistem grandes lacunas na participação das mulheres e as estas continuam muito sub-representadas em muitos domínios relacionados com armas, incluindo o controlo técnico de armas – apenas 12 por cento dos Ministros da Defesa a nível mundial são mulheres.

A ONU Mulheres aponta que os países onde há mais mulheres nos ramos legislativo e executivo do governo têm menos gastos com defesa e mais gastos sociais.

“Todos devemos fazer todo o possível para garantir que as mulheres estejam à mesa, que as nossas vozes sejam ouvidas e que as nossas contribuições sejam valorizadas”, afirma a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed.


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