A ONU é mais que nunca necessária para promover o diálogo “entre os diferentes”, diz Fernando Henrique Cardoso

Com o aumento da polarização e de manifestações de racismo pelo mundo, o papel das Nações Unidas de promoção do diálogo entre povos e culturas se faz cada vez mais necessário.

Esta é a opinião de um ex-funcionário da organização e do ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso.

Sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

ONU/Rick Bajornas

Sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

Fórum da Diversidade

Ele falou à ONU News, de São Paulo, sobre vários temas como reforma do Conselho de Segurança, igualdade de gênero, língua portuguesa e a democratização da informação e comunicação globais.

O ex-professor de sociologia reafirmou o papel da organização como um fórum da diversidade e do que ele chama de um “diálogo entre os diferentes”.

“E a ONU tem que ser um guarda-chuva grande, um sombrero grande porque tem que caber tudo aí dentro. A solução principal na vida da ONU é civilizatória. Você é diferente de mim e por isso temos que conversar. Não é uma conversa entre iguais é uma conversa entre os diferentes. A ONU propicia conversa entre quem não é igual. Então, nesse sentido, acho que o mais importante que ter muitos problemas, é manter a capacidade de fazer essa conversa permanente entre os que não são iguais para ver se se chega a algum entendimento.”

Sala do Conselho de Segurança da ONU

ONU/Loey Felipe

Sala do Conselho de Segurança da ONU

Chile

Neste mês quando completa 90 anos, FHC também publica um novo livro de memórias “Um intelectual na política” no qual relata sua atividade acadêmica. Durante o tempo em que esteve asilado no Chile, ele trabalhou na Comissão Econômica para América Latina e Caribe, Cepal. 

Atualmente, o ex-presidente pertence ao grupo Elders, com ex-mandatários e personalidades de todo o mundo, e que foi fundado por Nelson Mandela.

Ao mencionar as negociações para a reforma do Conselho de Segurança, Fernando Henrique Cardoso disse que o órgão precisa de um novo formato, que não seja tão grande para se manter eficiente, mas que reflita a realidade do mundo atual.

Segundo ele, os problemas são grandes e a representatividade é fundamental para resolver os desafios de paz e segurança internacionais, que diferem do momento que o mundo vivia após a Segunda Guerra Mundial.

Ex-presidente pertence ao grupo Elders, com ex-mandatários e personalidades de todo o mundo, e que foi fundado por Nelson Mandela

ONU/G Kinch

Ex-presidente pertence ao grupo Elders, com ex-mandatários e personalidades de todo o mundo, e que foi fundado por Nelson Mandela

Bicentenário

O ex-presidente diz que o Brasil “já deveria estar no Conselho” com um assento permanente. Para ele, o órgão também deve criar um mecanismo não só de novas inclusões, mas de exclusões caso haja necessidade. Ele elogiou o fato de o Conselho de Segurança procurar ouvir as partes envolvidas ainda que não sejam membros do órgão.

Em janeiro, o Brasil deve assumir pela décima-primeira vez um assento rotativo no Conselho de Segurança após ser eleito com 181 votos, no início deste mês.

A atuação no Conselho vai coincidir com o aniversário de 200 anos da Independência do Brasil, em 2022.

Os outros quatro países também eleitos para o próximo biênio foram: Albânia, Gana, Gabão e Emirados Árabes Unidos.

O Conselho de Segurança tem 10 membros rotativos e cinco permanentes: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

A íntegra da entrevista de Fernando Henrique Cardoso à ONU News será o Destaque ONU News, desta quarta-feira, 30 de junho.


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