Alerta ONU: crise humanitária no Sudão transforma-se em “catástrofe total”

Por ONU News

A comunidade humanitária está a estudar uma operação com várias agências para apoiar os sudaneses após o ressurgimento da onda de violência no país, a 15 de abril.

As informações foram dadas, esta segunda-feira, pelo coordenador humanitário da ONU no Sudão, Abdou Dieng.

UNICEF

Catástrofe total

Numa videoconferência à comunidade internacional, a partir do Sudão, o coordenador humanitário descreveu que, em duas semanas de crise, o país caminha para uma “catástrofe total”, lembrando que ainda antes desta crise havia já um terço da população, ou seja16 milhões de pessoas, que dependiam de ajuda.

O chefe humanitário no Sudão disse ainda que 270 mil pessoas poderão atravessar as fronteiras em busca de segurança noutros países. Um milhão de habitantes continuam confinados por causa dos combates.

Os problemas de acesso a cuidados aumentam o risco de morte dos feridos e pacientes que precisam de cuidados médicos. Um quarto das vidas seria salvo com acesso a centros de saúde.

Esta segunda-feira, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, anunciou que vai retomar a sua operação após a suspensão temporária devido à morte de membros da equipa da agência no início dos confrontos no país.

 

Programas de auxílio

O anúncio feito pela diretora-geral, Cindy McCain, nas redes sociais, destaca que o retorno acontece quando a crise lança milhões de pessoas na fome. Os programas pretendem fornecer assistência essencial a muitos.

A morte dos funcionários aconteceu devido à violência que teve lugar a 15 de abril, em Kabkabiya, no norte do Darfur.

 

O coordenador de Assistência Humanitária das Nações Unidas, Martin Griffiths, foi enviado ao Sudão, neste domingo, após o agravamento da crise. O secretário-geral da ONU emitiu um comunicado alertando sobre a escala e a velocidade da violência sem precedentes no país.

 

Passagem segura de civis

Guterres apelou novamente a todas as partes do conflito “a proteger civis e as infraestruturas civis, permitir a passagem segura dos que fogem de áreas de ataques, respeitar os trabalhadores e os ativos humanitários, facilitar as operações de socorro e respeitar o pessoal médico, transporte e instalações”.

As agências da ONU reiteram que os combates entre os militares do país e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, RSF, podem levar a região a mergulhar numa crise humanitária.

No domingo, agências de notícias informaram que os paramilitares concordaram em estender uma trégua humanitária por mais três dias. A medida visa permitir a abertura de corredores e que funcionários nacionais e estrangeiros cheguem a áreas seguras.

 

Subida de preço dos alimentos

A comunidade humanitária revela a subida de preços dos alimentos, combustível e outros bens básicos no que torna os bens essenciais inacessíveis para muitos.

Os civis deixam as áreas afetadas para países como a República Centro-Africana, o Chade, a Etiópia, o Egito, o Reino da Arábia Saudita e o Sudão do Sul.

Na capital sudanesa, Cartum, pelo menos 61% das unidades de saúde estão fechadas. Apenas 16% delas estão operacionais, numa realidade que deixa milhões de pessoas sem acesso a cuidados.

O saque de bens e de escritórios humanitários compromete a ação de auxílio em locais importantes, mas prosseguem os esforços para fornecer apoio em locais e momentos em que tal seja possível.


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