Alta de violência e repatriações agrava fragilidade de mulheres e crianças no Haiti

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e a Organização Internacional para as Migrações, OIM, divulgaram alertas sobre a situação do Haiti. As agências destacam a escalada da violência e o aumento de necessidades da população.

Dando foco a situação das crianças e mulheres, o diretor regional do Unicef, Jean Gough, afirmou que o número de sequestros nos primeiros oitos meses de 2021 já superou o total do último ano.

Uma família que perdeu a casa após o terremoto em agosto no Haiti.

Foto: © UNICEF/Georges Harry Rouzier

Uma família que perdeu a casa após o terremoto em agosto no Haiti.

Vulnerabilidade

De acordo com estimativas do Unicef, 71 mulheres e 30 crianças foram sequestradas de janeiro a agosto deste ano, contra 59 mulheres e 37 crianças em 2020. 

Elas representam um terço dos 455 casos registrados neste ano. A cidade de Porto Príncipe concentra a grande maioria dos registros.

O representante do Unicef afirma que gangues de criminosos estão usando crianças como moeda de troca, sendo um “negócio lucrativo”. Com o aumento da violência, 15 mil mulheres e crianças foram forçadas a fugir de suas casas. 

O Haiti é um dos países mais pobres do mundo.

Foto: IFRC

O Haiti é um dos países mais pobres do mundo.

Deportações

Em meio à crise, o número de haitianos migrantes que retornaram ao país caribeno de forma forçada já supera os 10 mil, de acordo com a OIM.

Nos principais aeroportos do país, os repatriados recebem refeições, água, kits de higiene e mesada, enquanto as equipes do escritório fazem exames para identificar pessoas em vulnerabilidade e oferecer apoio médico e psicossocial. 

O Ministério da Saúde e População do Haiti, apoiado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, realiza testes rápidos de Covid-19 na chegada.

Feridos após o terremoto no Haiti buscam assistência em hospital

Foto: © UNICEF/George Harry Rouzie

Feridos após o terremoto no Haiti buscam assistência em hospital

O chefe da missão da OIM no Haiti, Giuseppe Loprete, afirmou que os migrantes que retornaram ao Haiti precisam de assistência imediata, pois muitos estão fora do país há anos, enquanto outros tentavam sair após o terremoto em agosto deste ano.

Ele ressalta que a agência continua empenhada em apoiar o retorno de todos e o reencontro com suas famílias ou reassentamento no Haiti.

Os dados apontam que homens adultos representam 61% número total de repatriados, enquanto as mulheres são 23% e crianças, 16%. 

A maioria dos que retornaram dos Estados Unidos moraram em países latino-americanos por vários anos antes de iniciarem sua jornada. 

Mais de um quarto das crianças deportadas nasceram fora do Haiti e adquiriram a nacionalidade estrangeira, principalmente chilena e brasileira.

Crises

O Haiti vive várias crises, incluindo o terremoto que atingiu o país em agosto, deixando mais de 2 mil mortos e 12 mil feridos. Além disso, o tremor afetou a vida de pelo menos 800 mil pessoas.  

A OIM alerta que a expulsão de mais de 7,6 mil migrantes haitianos dos Estados Unidos e de outros países pode colocar crianças e mulheres mais vulneráveis em risco de violência de gangues.

Os dados da agência mostram que alguns repatriados buscavam alternativas à falta de renda ou oportunidades de trabalho, ao acesso insuficiente a serviços, às consequências do terremoto, à insegurança e à instabilidade política.

As condições precárias que os migrantes haitianos enfrentam ao transitar pela região, especialmente em Darién, os tornam vulneráveis aos riscos de proteção, incluindo violência de gênero, tráfico de pessoas, contrabando de migrantes e outras formas de abuso ou violência. Mais de 100 mil pessoas fizeram a travessia na selva este ano.
 


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