Apenas 17% das metas dos ODS estão no caminho certo

UN Photo/Eskinder Debebe Conferência de imprensa com o secretário-geral sobre o relatório acerca dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2024

As desigualdades aumentaram a nível mundial. Mais 23 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza extrema e mais de 100 milhões passaram fome em 2022, em comparação com 2019. 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais da ONU lançaram o Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2024. Este relatório descreve em pormenor os desafios que o mundo enfrenta para dar passos substanciais no sentido de alcançar os ODS e destaca também onde a ação deve ser acelerada, particularmente em áreas críticas que prejudicam o progresso dos ODS: alterações climáticas, paz e segurança, desigualdades entre países, entre outros.  

Com apenas seis anos até 2030, os progressos atuais estão muito aquém do que é necessário para atingir os objetivos definidos. O relatório revela que apenas 17% das metas dos ODS estão num bom caminho, com quase metade a registar progressos mínimos ou moderados e mais de um terço a estagnar ou a regredir. 

 

UN Photo/Eskinder Debebe Conferência de imprensa em Nova Iorque

 

Principais conclusões do relatório: 

  • Pela primeira vez neste século, o crescimento do PIB per capita em metade das nações mais vulneráveis do mundo é mais lento do que o das economias avançadas.  
  • Os progressos mundiais no domínio da saúde registaram uma desaceleração alarmante desde 2015. Muitos países sofreram um declínio nas competências dos estudantes em matemática e leitura. 
  • As guerras estão a arruinar milhões de vidas. O número de pessoas deslocadas à força atingiu um nível sem precedentes, quase 120 milhões até maio de 2024, e as vítimas civis aumentaram 72% entre 2022 e 2023. 
  • As crises ambientais estão a ameaçar os alicerces dos ecossistemas planetários. 2023 foi o ano mais quente de que há registo, com as temperaturas mundiais a aproximarem-se do limiar crítico de 1,5°C. As emissões de gases com efeito de estufa e as concentrações atmosféricas de CO2 continuam a atingir novos valores máximos. 

 

Em Portugal, a implementação dos ODS tem sido mais positiva do que a tendência mundial. Destacamos alguns dos últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados no ano passado:  

  • Redução da população em risco de pobreza desde 2015, de 19,0% para 16,4% em 2021. 
  • Aumento das taxas de conclusão do ensino básico e secundário: de 92,1% em 2015 para 96,9% em 2021 no ensino básico e de 83,4%% para 91,7% no ensino secundário. 
  • Proporção de mulheres dirigentes na administração pública superior a 50% 
  • Energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto de energia com a maior proporção de sempre em 2021 (34%). A meta 31% em 2020 foi ultrapassada. 
  • Diminuição da percentagem de pessoas a viverem em agregados familiares com rendimento inferior a 50% do rendimento mediano, de 13,0% em 2015 e 12,4% em 2020, para 10,0% em 2021. 

 

Na análise por ODS, verifica-se que a maioria dos indicadores evoluiu favoravelmente ou atingiu a meta. Apenas três ODS apresentaram menos de 50% de indicadores com evolução positiva.  

 

Relatório completo INE aqui.