Chefe dos direitos humanos avisa que repressão pode piorar situação na Bolívia

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, está pedindo às as forças de segurança da Bolívia que cumpram os padrões internacionais sobre o uso da força. 

O pedido acontece depois da morte de pelo menos cinco manifestantes na sexta-feira.

Crise

Protestos na ruas de La Paz, na Bolívia., by ONU Bolívia/Patricia Cusicanqui

O país sul-americano vive uma crise política desde a renúncia do presidente Evo Morales na semana passada. Pelo menos 17 pessoas foram mortas em manifestações desde essa altura.

Bachelet disse que as primeiras mortes anteriores foram, sobretudo, resultado de confrontos entre manifestantes rivais. Os últimos incidentes, no entanto, parecem ter sido causados por um uso desproporcional da força pelo exército e pela polícia.

Com o país dividido, a alta comissária teme que a situação possa piorar.

Em nota, ela diz estar “realmente preocupada” que a situação “possa ficar fora de controle se as autoridades não atuarem de forma sensível e de acordo com as normas e padrões internacionais e com total respeito pelos direitos humanos.”

Bachelet afirmou que “o país está dividido” e “pessoas de ambos os lados da divisão política estão extremamente zangadas.”

Segundo ela, em uma situação como essa, “ações repressivas das autoridades simplesmente alimentarão ainda mais essa raiva e provavelmente colocarão em risco qualquer via possível para o diálogo”.

Tensões

Bachelet também diz que que prisões e detenções generalizadas estão aumentando as tensões. Mais de 600 pessoas foram detidas desde 21 de outubro, muitas delas nos últimos dias, segundo seu escritório.

A alta comissária afirmou que “a situação não será resolvida pela força e pela repressão.” Segundo ela, “todos os setores têm o direito de fazer ouvir a sua voz, essa é a base da democracia.”

Por fim, Bachelet pediu investigações imediatas, transparentes e imparciais sobre as prisões, detenções, feridos e mortes. Os dados sobre esses incidentes também devem ser disponibilizados.

Na semana passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou seu enviado pessoal para o país para procurar uma solução pacífica para a crise.


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