Código vermelho para a Humanidade

Vagas de calor e precipitação intensa, secas agrícolas e ecológicas, maior frequência de ciclones tropicais, bem como a redução do gelo marinho do Ártico são as principais consequências do aumento exponencial da temperatura do planeta Terra.

Ação Humana

 A atividade humana tem vindo a acelerar o aquecimento global a uma velocidade nunca antes vista. Se as alterações climáticas continuarem a este ritmo, é possível que a temperatura média global do planeta aumente 1.5ºC até 2030 e caso as atuais emissões de gases de efeito de estufa dupliquem, a subida do nível médio das águas do mar pode chegar aos 1,8 metros.

O 6.º relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) veio confirmar que as emissões de gases com efeitos de estufa, consequência da atividade humana, são responsáveis por aproximadamente 1,1°C do aquecimento global e conclui que, em média, nos próximos 20 anos, a temperatura deverá atingir ou exceder mais 1,5°C.

Em 2019, as concentrações de CO2 na atmosfera foram superiores às registadas nos últimos 2 milhões de anos e as concentrações de metano e de óxido nitroso atingiram níveis superiores aqueles registados nos últimos 800.000 anos.

Segundo o relatório, as temperaturas durante esta década (2011-2020) excederam as do último período mais quente registado que ocorreu há 6.500 anos.

Em cidades mais populosas, fenómenos como calor extremo e inundações fortes podem piorar podendo resultar numa maior duração das estações quentes que consequentemente destruirão os setores da agricultura e da saúde.

Numa perspetiva da ciência, o documento explica que limitar o aquecimento global induzido pelo homem a um nível específico requer a limitação das emissões de dióxido de carbono, atingindo pelo menos zero emissões líquidas, juntamente com a redução de outros gases com efeito de estufa.

Código vermelho

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, considera que o relatório é “um código vermelho para a humanidade”, com uma evidência irrefutável: as emissões de gases a partir da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento estão a sufocar o planeta e a colocar biliões de pessoas em risco.

O chefe da ONU afirma ainda que o relatório “deve soar como uma sentença de morte para os combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta” e exige uma ação imediata para a limitação do aquecimento da temperatura global a 1.5 °C.

Guterres acrescenta que as “soluções são claras”, sendo possível ter “economias verdes e inclusivas”. Todos os governos, especialmente o G-20, precisam de reforçar os compromissos climáticos antes da COP-26, marcada para novembro, em Glasgow.

 A região do Mediterrâneo

O relatório prevê que as temperaturas em todo o Mediterrâneo irão aumentar mais rapidamente do que a média global, ameaçando a agricultura, pesca e turismo da região. Acresce que dezenas de milhões de habitantes enfrentarão um maior risco de escassez de água potável, inundações e calor extremo.

Prevê-se, também, que a área ardida de florestas no sul da Europa aumentará até 87% se a temperatura média da superfície terrestre aquecer até mais 2.ºC.

Embora não se preveja que seja a região do mundo mais afetada pelo aumento das temperaturas, o relatório do IPCC identifica o Mediterrâneo como o “hotspot das alterações climáticas”.


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