Com o fim da transmissão do vírus na Guiné-Conacri, os três países mais afetados estão agora livres do Ébola

A Organização Mundial de Saúde (OMS) – agência das Nações Unidas – declarou, a 29 de dezembro, o fim da transmissão do vírus Ébola na Guiné-Conacri, onde a epidemia começou, há dois anos, tendo-se depois espalhado para os vizinhos Libéria e Serra Leoa.

Foi nestes três países que se verificou a esmagadora maioria das vítimas, mas as viagens por terra e ar acabariam por levar a doença até outros sete países, matando mais de 11300 pessoas no total.

Já passaram 42 dias desde que a última pessoa a quem foi detetado o vírus na Guiné-Conacri testou negativamente nos exames para averiguar se desenvolvera a doença.

“Esta é a primeira vez que os três países – Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa – travaram as cadeias originais de transmissão responsáveis ​​por este surto devastador, que começou há dois anos”, disse o director regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, num comunicado à imprensa.

“Louvo os governos, comunidades e parceiros pela sua determinação em enfrentar esta epidemia até chegarmos a este momento. À medida que formos trabalhando na construção de sistemas de saúde mais resilientes, precisamos também de manter  a vigilância para garantir que são travados rapidamente quaisquer novos casos que possam surgir em 2016”, acrescentou.

O país entra agora num período de 90 dias de vigilância para garantir que todos os novos casos são identificados rapidamente. Os especialistas alertam que existe o risco de novo surto decorrente da persistência do vírus no sémen masculino, mesmo depois de já não ser detetado na corrente sanguínea.

Milhares de crianças órfãs precisam de especial atenção

Congratulando-se com a declaração da OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que milhares de crianças ficaram órfãs devido à doença e que aqueles que sobreviveram à infecção precisarão de apoio contínuo.

“Ao celebrarmos esta ocasião, devemos também lembrarmo-nos que as crianças sofreram grandes impactos. Mais de 22 mil crianças perderam um ou ambos os pais na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa. Estão traumatizadas e continuam a ser estigmatizadas pelos vizinhos. Para milhares de meninas e meninos, o surto não terminou hoje e vai acompanhá-los ao longo das suas vidas. Precisamos de manter um compromisso  para com eles”, disse Mohamed Ag Ayoya, representante da UNICEF na Guiné-Conacri.

Na Guiné-Conacri, 6220 crianças perderam um ou ambos os pais. Entre as infetadas, 519 morreram e 230 sobreviveram.

Desde o início do surto, a UNICEF forneceu bens, mobilizou meios para educar as comunidades, serviços de fornecimento de água e saneamento, apoio a órfãos e outras crianças afetadas, nomeadamente para garatir que poderiam continuar a sua educação.

29 de dezembro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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