COP 25: Guterres pede transformação da economia, finanças, comércio e indústria para ação climática

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta quarta-feira que o setor privado acelere seus esforços para enfrentar a crise climática.

O chefe das Nações participou num evento do Pacto Global da ONU durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP 25, que acontece em Madri, Espanha, até 13 de dezembro.

ONU: um dos principais objetivos da COP 25 é aumentar a ambição geral em relação à total operacionalização do Acordo de Paris. Foto: OMM/Injoo Hong

Esperança

Guterres disse que durante o Encontro de Cúpula de Ação Climática, que aconteceu em setembro, em Nova Iorque, “a determinação dos líderes empresariais e financeiros deu esperança” ao mundo. Ele agradeceu a esses representantes, pedindo que outros se juntem “urgentemente”.

Segundo o secretário-geral, “quando as empresas abandonam os combustíveis fósseis, enviam sinais para intensificar a procura de soluções inovadoras.” Ele pediu uma abordagem transformadora da economia, finanças, comércio e indústria.

Até o momento, 170 grandes empresas já se comprometeram em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa para cumprir o limite de aumento da temperatura média global a 1,5ºC acima do nível pré-industrial.

Para António Guterres, “essas empresas estão abrindo caminho para novas maneiras de fazer negócios e promovendo mudanças sistêmicas na economia global.” Também estão “enviando um sinal claro para consumidores, investidores e governos”.

Finanças

O secretário-geral afirmou que a comunidade financeira também está cada vez mais comprometida com as oportunidades de uma economia verde.

Esse ano, os profissionais responsáveis pela gestão de quase US$ 4 trilhões assumiram o compromisso de ter uma carteira de investimentos com neutralidade de carbono até 2050.

Apesar desses esforços, Guterres afirmou que o mundo dos negócios e finanças e a sociedade civil não podem agir sozinhos. Os governos precisam apoiar essas ações.

O secretário-geral disse que estes líderes devem “desafiar seus governos a definir claramente as políticas de desenvolvimento econômico, para que possam fazer investimentos decisivos em um futuro com emissões neutras.”

Para o chefe da ONU, ainda existem muitos obstáculos burocráticos e regulatórios, incluindo subsídios aos combustíveis fósseis e medidas que diminuem o compromisso do setor privado.

Em outro evento de alto nível, o secretário-geral lembrou que os Estados assinaram o Acordo de Paris em 2015 e precisam assumir novos compromissos no próximo ano. Segundo ele, “os próximos 12 meses serão cruciais” e é preciso mostrar “mais ambição, solidariedade e urgência.”

Unfccc

A jovem ativista Greta Thunberg discursa na reunião de alto nível sobre o clima na Conferência sobre Mudança Climática da ONU, COP 25, em Madri.

Greta Thunberg

Esta quarta-feira, a ativista Greta Thunberg também participou de um painel na COP 25.

A jovem disse que não iria falar de “algo pessoal ou emocional para atrair a atenção de todos”, porque “as pessoas apenas se concentram nessas frases” e “não se lembram dos fatos” que ela refere.

Thunberg afirmou que o mundo “não tem tempo para ignorar a ciência” e explicou como funcionam os limites de emissão de carbono estabelecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Ipcc. Segundo ela, “esses números não são opiniões de ninguém ou opiniões políticas, é a melhor ciência disponível atualmente.”

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Local em Madri onde acontece a COP25 até 13 de dezembro

Mudança

Greta Thunberg disse ainda que teve “a sorte de poder viajar pelo mundo” e que “a falta de consciência é a mesma em todos os lugares.” Segundo ela, os “líderes não estão se comportando como se estivessem numa emergência.”

Para a jovem, os políticos e empresários não estão liderando, mas enganando. Segundo ela, apenas estão estabelecendo prazos e falando para dar a impressão de que algo está sendo feito.

Greta Thunberg lembrou que, em apenas três semanas, começa uma nova década. Segundo ela, esta será “uma década que definirá o futuro.”

A ativista terminou dizendo que há sinais de esperança, mas não vem dos governos ou corporações, vem do povo. Segundo ela, “as pessoas estão prontas para a mudança.”


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