A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos apelou ao empoderamento das mulheres para que possam contribuir para o progresso do Afeganistão.
Michelle Bachelet falou esta sexta-feira a jornalistas, em Genebra,após retornar de uma visita à capital do país, Cabul.
Escolas e universidades
Durante a presença em território afegão, ela disse ter conversado com autoridades de facto Talibã sobre a urgência de se acabar com as violações de direitos humanos.
Para Bachelet, as afegãs têm trabalhado incansavelmente para proteger suas famílias diante de situações de guerra e pobreza extrema.
A chefe de direitos humanos da ONU enfatizou que as meninas devem poder ir à escola e às universidades e serem capacitadas para contribuir de uma forma robusta para o futuro do país.
A alta comissária resumiu ainda a atuação local em direitos humanos nos 20 anos da Missão da ONU no Afeganistão, Unama.
Para ela, em tempos de “inúmeras crises e tumultos”, o trabalho inclui contar o número de civis do conflito armado, monitorando e relatando o impacto sobre os afegãos.
Comissão Independente
Ela destacou ainda o diálogo mantido com as várias partes, incluindo com o Talibã, sobre a proteção de civis, o direito internacional humanitário e dos direitos humanos.
A ONU atuou ainda com autoridades estatais relevantes, a Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão e a sociedade civil no combate à violência contra as mulheres.
O trabalho envolveu o aconselhamento sobre leis, visita a centros de detenção e conversa com detentos.
As ações de duas décadas no país também incluíram documentar, relatar e denunciar violações e abusos dos direitos humanos por parte do Estado e de grupos armados não estatais defendendo os direitos dos afegãos de todas as origens ou convicções.
Risco
Michelle Bachelet destacou ainda a atuação contra casos de tortura e maus-tratos. Mas ressaltou que após a tomada do poder pelo Talibã, em 15 de agosto de 2021, houve claramente algumas mudanças drásticas no país.
Com o declínio da violência, as vítimas do conflito reduziram de maneira significativa. Mas disse recear que as crises humanitárias e econômicas possam ceifar muito mais vidas.
Uma em cada três pessoas no Afeganistão enfrenta níveis de emergência ou crise de segurança alimentar e há acesso limitado a dinheiro, altos níveis de desemprego e deslocamento. Além disso, permanece um risco alto de ataques do grupo terrorista Iskp e outros.
Ela disse que todos concordam que é inaceitável e inconcebível que o povo do Afeganistão tenha de viver com a perspectiva de bombardeio ou fome.