Esperança e resiliência: os refugiados e o apoio da ONU

A cada minuto, 20 pessoas em todo o mundo são forçadas a fugir das suas casas e a deixar tudo para trás para escapar à guerra, à perseguição e à catástrofe.

Até ao final de maio de 2023, cerca de 110 milhões de pessoas em todo o mundo já tinham feito uma viagem precária para se tornarem refugiados. É um novo recorde mundial.

O Dia Mundial dos Refugiados, celebrado a 20 de junho, constitui uma oportunidade para reconhecer os perigos que os requerentes de asilo, os apátridas e as pessoas deslocadas em todo o mundo enfrentam, celebrando a sua força e resiliência em circunstâncias extraordinárias.

O tema deste ano, “esperança longe de casa“, centra-se no poder da inclusão social e económica. Oferece uma plataforma para destacar soluções para os refugiados e explora formas eficazes de cultivar a empatia e apoiar as pessoas deslocadas na reconstrução das suas vidas e na contribuição nos seus países de acolhimento.

Todos os dias, as equipas nacionais da ONU no terreno, muitas delas localizadas em países de baixo e médio rendimento que acolhem cerca de 76% dos refugiados, desempenham um papel fundamental na linha da frente para proteger e melhorar a vida das pessoas deslocadas.

Este artigo mostra alguns dos esforços coletivos das Nações Unidas para apoiar as comunidades de refugiados em todo o mundo e ajudar a traçar um caminho para um futuro com mais dignidade e esperança.

Moldova

Desde o início da invasão russa na Ucrânia, mais de 800.000 refugiados ucranianos atravessaram a fronteira para procurar segurança na Modolva. As agências da equipa nacional da ONU naquele país, lideradas pelo coordenador residente, Simon Springett, e com o papel de coordenação técnica do ACNUR, apoiaram os esforços do Governo para alojar, proteger e integrar os refugiados e apoiar as famílias moldavas vulneráveis.

Para reforçar o sistema de proteção infantil e ajudar as crianças a ultrapassar alguns dos traumas de guerra profundamente enraizados, a UNICEF e o ACNUR trabalharam com as autoridades locais para criar a “Iniciativa Ponto Azul”. Estes centros móveis oferecem espaços seguros para as crianças ucranianas em todo o país, incluindo apoio psicossocial e serviços educativos. Descubra como estes serviços especializados estão a apoiar as famílias de refugiados e acompanhar as histórias de crianças como Ariana, de 10 anos, na aldeia de Talmaza, que encontrou “a liberdade para brincar e desfrutar da vida” através dos programas educativos e de aconselhamento do “Ponto Azul”.

A equipa da OIM na Moldova também tem ajudado jovens refugiados ucranianos a ultrapassar obstáculos para encontrar emprego e integrar-se nas comunidades de acolhimento em toda o país. Esta é a história de Daniil, de 16 anos, proveniente de Odessa, que fugiu da guerra na Ucrânia e que agora, graças ao apoio da Iniciativa de Subsistência da OIM, está a perseguir o seu sonho de se tornar cozinheiro e a fazer planos para o futuro.

© IOM/Ana Gnip
© IOM/Ana Gnip

Malásia

Na Malásia, o Gabinete do coordenador residente trabalhou com parceiros locais para lançar um “kit de ferramentas” para deputados parlamentares que visa promover narrativas positivas e combater o discurso de ódio contra os cerca de três milhões e meio de migrantes internacionais, refugiados, requerentes de asilo, apátridas e pessoas sem documentos que vivem atualmente no país.

O kit de ferramentas foi concebido como um instrumento simples para ajudar os deputados a ultrapassar equívocos e mal-entendidos e promover o diálogo, o respeito e a solidariedade entre diferentes comunidades.  Nos últimos tempos, estes valores têm sido postos à prova. O aumento do discurso de ódio e das narrativas hostis em toda a Malásia está a exacerbar a divisão, a alimentar o medo e a estigmatizar populações já vulneráveis.

Este kit de ferramentas adota uma abordagem para “toda a sociedade” no combate a este ódio.

Etiópia

Na Etiópia, a OIT, a UNICEF e o ACNUR uniram forças para orientar os jovens das comunidades de refugiados e de acolhimento e apoiar o seu percurso para se tornarem futuros líderes.

Ao trabalhar com as autoridades nacionais para lançar uma Academia de Liderança Juvenil, a equipa das Nações Unidas no país ajudou a formar e a capacitar os jovens da cidade oriental de Dire Dawa para se tornarem organizadores, defensores e líderes nas suas comunidades, bem como para adquirirem novas competências para aumentar a sua empregabilidade. A Academia também reuniu representantes de ministérios e sindicatos relevantes, para ajudar a sensibilizar para os direitos dos jovens a trabalhar em contextos de deslocação. Saiba mais sobre a forma como a Academia está a ajudar a expandir as perspetivas e a fomentar um espírito de colaboração entre os jovens das comunidades de acolhimento e de refugiados na região.

© UNHCR/ Nicolo Filippo Rosso

Peru

Em Lima, no Peru, jovens refugiados e migrantes vindos da Venezuela estão a encontrar apoio social e a ultrapassar as “saudades de casa” através do poder do basebol.

O clube de basebol “Los Astros”, que recebe uniformes, equipamento e apoio do ACNUR, reúne todas as semanas cerca de 50 crianças da Venezuela e do Peru para jogar e treinar em conjunto. Javier, de 8 anos, da Venezuela, é um dos jogadores da equipa. Quando a sua família se mudou para o Peru há vários anos, Javier não só deixou para trás muitos dos seus amigos, como também ficou sem uma equipa de basebol para treinar.  Juntar-se a “Los Astros” preencheu essa lacuna e está a trazer conforto a crianças como Javier, bem como rendimento aos treinadores, alguns dos quais são também refugiados. A história de Javier espelha como outros jovens refugiados venezuelanos encontraram amizade e solidariedade no campo.

© UNHCR/ Sana Hamdan

Jordânia

Na Jordânia, os programas polivalentes de assistência pecuniária geridos pelo ACNUR e pelos parceiros estão a proporcionar às famílias de refugiados de todo o país uma ajuda vital.

O ACNUR gere um dos seus maiores programas de assistência monetária na Jordânia para ajudar as famílias vulneráveis de refugiados a cobrir as suas necessidades básicas e dar-lhes escolha e dignidade nas suas vidas. Nos últimos meses, o programa tem vindo a passar a distribuir assistência em dinheiro através de carteiras móveis, proporcionando aos refugiados uma maior independência na gestão das suas finanças e melhorando a sua inclusão financeira.

Hanan, de 51 anos, que fugiu da guerra e da perseguição na Síria em 2013, utiliza esta assistência monetária para ajudar a alimentar os seus três filhos e manter o seu apartamento em Amã quente durante o inverno. A história de Hanan é um dos casos de como o apoio do programa de assistência em dinheiro da ONU a está a ajudar a planear um futuro com mais esperança.

 

Esta história foi redigida pela UN DCO. Saiba mais sobre o trabalho da ONU no terreno na Moldova, Etiópia, Malásia, Peru e Jordânia.


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