Um empréstimo de US$ 10 milhões do Fundo Central de Resposta a Emergências da ONU, Cerf, permitirá que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, amplie a aquisição de fertilizantes para apoiar os agricultores na região de Tigray, no norte da Etiópia.
Desde que o conflito começou em novembro de 2020, Tigray e outras áreas tiveram uma paralisação das atividades agrícolas, níveis elevados de insegurança alimentar aguda e perda de meios de subsistência.
Resposta rápida
O empréstimo está ajudando a FAO a acelerar a compra e entrega de insumos, principalmente fertilizantes, que devem chegar até o final do mês.
O coordenador sub-regional da FAO para África Oriental e representante interino para a Etiópia, David Phiri, agradeceu aos parceiros e ao Cerf pela ação rápida. Segundo ele, se os produtores receberem os insumos a tempo, poderão colher e começar a consumir esses produtos a partir de outubro deste ano.
Phiri conta que essas colheitas cobririam a demanda por pelo menos seis meses e, na melhor das hipóteses, até a próxima colheita para grande parte das famílias, com alimentos sobrando para a venda.
Já o diretor do Escritório de Emergências e Resiliência da FAO, Rein Paulsen, aponta para as implicações mais amplas.
Para ele, há uma pequena janela de oportunidade para prevenir a fome severa, fornecendo insumos agrícolas críticos e permitindo que os agricultores produzam uma quantidade suficiente de alimentos para a população.
Alimentando o país
Segundo a FAO, até 80% dos etíopes dependem da agricultura como principal fonte de subsistência, especialmente aqueles que vivem em áreas rurais. Os alimentos produzidos alimentam o país.
A principal estação conhecida como Meher, entre maio e setembro, é a principal época de plantio em Tigray. A FAO avalia que com o bom desempenho das chuvas, a produção e a disponibilidade de alimentos em toda a região podem melhorar.
A agência da ONU e seus parceiros compraram, até agora, cerca de 19 mil toneladas de fertilizantes, ou 40% da necessidade total. Isso é suficiente para atender 380 mil famílias. Um primeiro lote de 7 mil toneladas já foi distribuído aos produtores.
Necessidades para o plantio
As 12 mil toneladas adicionais resultaram do empréstimo do Cerf e uma alocação da FAO.
Esses financiamentos são garantidos pelos recursos de um doador bilateral, os detalhes serão divulgados quando o acordo for finalizado.
O governo etíope comprou as 19 mil toneladas de fertilizantes e indica que mais pode ser disponibilizado caso a FAO e seus parceiros mobilizem mais financiamento.
A FAO afirma que o objetivo é fornecer 60 mil toneladas para o país, se os fundos permitirem.
A agência já se beneficiou de empréstimos do Cerf em 2017 para evitar o risco de fome na Somália e para apoiar as operações de controle de gafanhotos do deserto no Chifre da África em 2020.