GAZA: Ajuda Humanitária em Risco

Os 54 camiões com ajuda humanitária que já chegaram a Gaza transportavam alimentos, água potável e medicamentos. As operações humanitárias em Gaza correm agora o risco de ser interrompidas devido ao bloqueio de combustível em curso.  

Desde sábado, 21 de outubro, a ajuda humanitária chegou a Gaza com um total de 54 camiões. As equipas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) recebem estes carregamentos humanitários do lado de Gaza e ajudam a armazená-los e a distribuí-los, em cooperação com outras agências da ONU. Os comboios incluíam alguns alimentos, água potável e medicamentos. 

De acordo com os meios de comunicação social, um quarto conjunto de viaturas de ajuda humanitária chegou ao enclave através do posto fronteiriço de Rafah, composto por oito camiões do Crescente Vermelho egípcio. 

Reservas de combustível criticamente baixas 

Estes conjuntos de viaturas não transportam o tão necessário combustível. A UNRWA ficará sem combustível nos próximos dois dias, pondo em risco a entrega de ajuda humanitária às pessoas necessitadas. 

Gaza tem estado sob um apagão total de eletricidade desde 11 de outubro e a escassez de combustível tem comprometido serviços essenciais, desde ambulâncias a padarias e instalações de água. 

A agência para os refugiados palestinianos, que é o maior fornecedor de ajuda humanitária em Gaza, avisou que, se não for autorizada a entrada de combustível, será obrigada a suspender todas as operações esta quarta-feira, dia 25 de outubro de 2023. 

A funcionar para além das suas capacidades 

Cerca de 600.000 pessoas deslocadas internamente estão alojadas em 150 instalações da UNRWA. 

Os abrigos estão a funcionar para além das suas capacidades e muitos dos novos deslocados internos estão a dormir na rua, uma vez que as atuais instalações estão sobrecarregadas. Em média, os abrigos têm ocupada 2,7 vezes a sua capacidade recomendada. Na base logística de Rafah, 400 pessoas partilham uma casa de banho. 

Há mais de 37.000 pessoas com doenças não transmissíveis, mais de 4.600 mulheres grávidas e cerca de 380 casos pós-natais que requerem cuidados médicos entre os deslocados internos.  

O Programa Alimentar Mundial estima que as reservas atuais de produtos alimentares essenciais em Gaza são suficientes para cerca de 12 dias. 

© UNICEF: Ayad El Eyad | As pessoas fazem fila à porta de uma padaria em Gaza.

“Apelo a todos para que recuem da beira do abismo” 

Perante o Conselho de Segurança, o secretário-geral das Nações Unidas reiterou o seu apelo a um cessar-fogo humanitário imediato no Médio Oriente. António Guterres acrescenta “Nesta hora crítica, apelo a todos para que se afastem da beira do abismo antes que a violência ceife ainda mais vidas e se espalhe ainda mais.” 

Na terça-feira, 24 de outubro de 2023, registou-se também o maior número de vítimas mortais num só dia em Gaza durante esta recente ronda de hostilidades, segundo o gabinete de coordenação dos assuntos humanitários da ONU (OCHA). 

Cerca de 704 palestinianos, incluindo 305 crianças, foram mortos, elevando o número total de mortos no território para 5.791, de acordo com o Ministério da Saúde, dirigido pelo Hamas. 

O Ministério da Saúde de Gaza reporta que, desde 7 de outubro 15.273 ficaram feridas e cerca de 1.500 estão desaparecidas, entre elas 830 crianças. Segundo as autoridades israelitas, foram mortos cerca de 1.400 israelitas e estrangeiros. 


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