Geração Igualdade: a era covid-19 constitui uma ameaça para as mulheres

Governos, setor privado e grupos liderados por jovens, estão reunidos em Paris com o objetivo assegurar compromissos concretos, ambiciosos e transformadores para a igualdade de género.

Convocado pela ONU Mulheres e coorganizado pelos governos do México e da França em parceria com a juventude e a sociedade civil, o Fórum Geração Igualdade decorre em Paris de 30 de junho a 2 de julho.

Violência durante a pandemia

Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que uma em cada três mulheres é vítima de violência durante a sua vida e de acordo com o Relatório Global Anual da Spotlight Initiative, a violência aumentou 83% de 2019 a 2020, enquanto os casos denunciados às autoridades cresceram 64%.

Nos primeiros meses da pandemia, a Organização das Nações Unidas (ONU) projetou que poderiam acontecer mais de 15 milhões de casos de violência baseada no género.

Num artigo de opinião, o secretário-geral da ONU deu conta que a misoginia violenta contra mulheres e meninas prosperou à sombra da pandemia e considerou tal acontecimento ultrajante e autodestrutivo. Porém acredita que “a mudança é possível”.

Dados relevantes

De acordo com o Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), embora as mulheres constituam metade da população mundial, detêm apenas 20% dos cargos de liderança e, em comparação com o sexo masculino, têm mais 24% de probabilidade em perder os seus empregos e de ver os seus rendimentos a diminuir em 50%. Ao mesmo tempo, têm menos 10% de probabilidade de ter acesso à Internet, ou seja, cerca de 433 milhões de mulheres a nível mundial estão “em silêncio”.

Acresce ainda o facto de o ativismo ambiental feminino recebe apenas 3% do financiamento filantrópico ambiental. Os organizadores do fórum defendem que uma ação climática equitativa em termos de género deve ser reforçada e as mulheres que são afetadas pelas alterações climáticas devem ser ouvidas.

Agir agora

No discurso de abertura do fórum, secretário-geral das Nações Unidas enfatizou as cinco prioridades na ONU a este respeito destacando a igualdade de direitos, a paridade, a justiça económica, o fim da violência contra as mulheres e meninas e, por último, a esperança nas novas gerações.

Para o líder da organização, um diálogo intergeracional é essencial para a igualdade de género, porém é necessário ter em conta que as nossas sociedades ainda não têm mecanismos institucionais eficazes para os jovens intervirem eficazmente nas decisões políticas, económicas e sociais. Deste modo, Guterres apelou às novas sociedades digitais que permitam aos jovens ter um papel mais eficaz nos mecanismos de tomada de decisão pois, considera-os um elemento imperativo para a mudança naquilo que é “uma luta essencial para todos nós”.


Direito Internacional e Justiça

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