Guterres ao Conselho de Segurança: “guerra na Ucrânia tem de parar agora”

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a guerra na Ucrânia como “um dos maiores desafios de sempre à ordem internacional e à arquitetura de paz global, fundada na Carta das Nações Unidas” devido à sua natureza, intensidade e consequências.

Na sua intervenção ao Conselho de Segurança da ONU, esta terça-feira, Guterres lembrou que esta invasão, em várias frentes, de um Estado-membro das Nações Unidas, a Ucrânia, por outro, a Federação Russa – um Membro Permanente do Conselho de Segurança – em violação da Carta das Nações Unidas, pretende, entre outros objetivos, redesenhar as fronteiras internacionalmente reconhecidas entre os dois países.

Guterres afirmou que jamais esquecerá “as imagens horríveis de civis mortos em Bucha” que o levou a pedir “uma investigação independente para garantir uma responsabilização efetiva”, mostrando-se ainda “profundamente chocado com os testemunhos de violações e de violência sexual que estão a surgir.

Em apenas um mês, a guerra deslocou mais de dez milhões de pessoas, o movimento populacional forçado mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial – e levou a aumentos significativos nos preços dos alimentos, da energia e de fertilizantes, porque a Rússia e a Ucrânia são os pilares desses mercados.

O líder da ONU lembrou que estes aumentos nos preços estão já a levar “muitos países em desenvolvimento à beira do colapso da dívida, devido ao impacto da pandemia da covid-19 e à falta de liquidez, por isso, “é cada vez mais urgente silenciar as armas.”

Com efeito, segundo a ONU, 74 países em desenvolvimento, com uma população total de 1,2 mil milhões de pessoas, são particularmente vulneráveis ​​ao aumento dos custos de alimentos, energia e fertilizantes. Só no mês passado, os preços do trigo aumentaram 22%, o milho 21% e a cevada 31%. Para além disso, os preços do petróleo Brent a 1 de abril foram mais de 60% mais altos do que no mesmo período do ano passado.

O líder da ONU terminou a sua intervenção lembrando que “a guerra na Ucrânia tem de parar agora” apelando a “negociações sérias para a paz, baseadas nos princípios da Carta das Nações Unidas e pedindo ao Conselho de Segurança para “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para acabar com a guerra e mitigar o seu impacto, tanto no sofrimento do povo da Ucrânia como nas pessoas vulneráveis e nos países em desenvolvimento em todo o mundo.”


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