Guterres sobre clima: “É o momento da verdade”

O secretário-geral das Nações unidas, António Guterres, lançou um ataque à indústria dos combustíveis fósseis num discurso por ocasião do Dia Mundial do Ambiente, 5 de Junho. Guterres apelou a uma “repressão à indústria dos combustíveis fósseis”, que acusa de gastar milhares de milhões de dólares para enganar o público. 

“Devemos confrontar diretamente aqueles na indústria dos combustíveis fósseis que demonstraram um zelo implacável em obstruir o progresso – ao longo de décadas”, disse o secretário-geral num discurso no Museu Americano de História Natural. 

 “Milhares de milhões de dólares foram gastos para distorcer a verdade, enganar o público e semear dúvidas” – sublinhou o líder da ONU. 

António Guterres salientou que muitos governos restringem ou proíbem a publicidade de produtos que prejudicam a saúde humana – como o tabaco. 

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Guterres lembrou também ao público que as consequências das temperaturas mais elevadas incluiriam provavelmente o colapso da camada de gelo da Gronelândia e da Corrente Marítima do Labrador, o que perturbaria ainda mais os padrões climáticos na Europa.

“Por isso, apelou que “todos os países a proibirem a publicidade de empresas de combustíveis fósseis” e “aos meios de comunicação socail e às empresas de tecnologia que parem de aceitar publicidade de combustíveis fósseis.” 

Adicionalmente, Guterres desafiou a indústria de combustíveis fósseis a investirem seus “lucros maciços” na transição energética e ao mesmo tempo, instando ainda as instituições financeiras a parem de financiar a “destruição de combustíveis fósseis”. 

Citando novos dados dos principais cientistas climáticos, Guterres admitiu que quase dez anos desde a adoção do Acordo de Paris, a meta de limitar o aquecimento global a longo prazo a 1,5 graus Celsius está por um fio. 

“A verdade é que as emissões globais precisam de cair nove por cento todos os anos até 2030 para manter vivo o limite de 1,5 graus. Mas estamos a ir na direção errada. No ano passado, aumentaram um por cento.” 

O diplomata português lembrou também ao público que as consequências das temperaturas mais elevadas incluiriam provavelmente o colapso da camada de gelo da Gronelândia e da Corrente Marítima do Labrador, o que perturbaria ainda mais os padrões climáticos na Europa.

O Secretário-Geral António Guterres observa a neblina causada pelo fumo dos incêndios florestais no Canadá a partir do seu gabinete na sede da ONU.
António Guterres apelou a que se tomem medidas urgentes, nomeadamente, reduzir as emissões para a atmosfera.”  UN Photo/Mark Garten

“Temos o que precisamos para nos salvar”, disse Guterres. “Devemos garantir o futuro mais seguro possível para as pessoas e o planeta. Isso significa tomar medidas urgentes, especialmente durante os próximos dezoito meses: reduzir as emissões; proteger as pessoas e a natureza dos extremos climáticos; para impulsionar o financiamento climático e para reprimir a indústria dos combustíveis fósseis.” 

Guterres agradeceu aos jovens, à sociedade civil, às cidades, às regiões, às empresas e a outros que têm liderado a luta por um mundo mais seguro e mais limpo. 

“Vocês estão do lado certo da história. Vocês falam pela maioria. Continuem! Não percam a coragem. Não percam a esperança. Somos nós, os povos, contra os poluidores e os aproveitadores. Juntos, podemos vencer ,mas é hora dos líderes decidirem de que lado estão. Amanhã é tarde demais.” – conclui o líder das Nações Unidas. 

Veja discurso na íntegra aqui.


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