Guterres apela a uma “recuperação verde” da pandemia

O ano passado foi o segundo ano mais quente alguma vez registado e encerrou também a década com as temperaturas mais elevadas de sempre. Neste contexto, o secretário-geral da ONU alertou, esta terça-feira, que atrasar a ação climática irá ter um custo muito avultado, afirmando que “o custo mais alto será o custo de nada fazer”.

Dirigindo-se, por vídeo conferência, ao “Petersberg Climate Dialogue”, fórum promovido pelo Governo da Alemanha e que antecede as negociações da Cimeira do Clima (COP), António Guterres começou por referir que a covid-19 virou a vida de milhares de milhões de pessoas do avesso, infligindo sofrimento e destabilizando a economia global e “expondo a fragilidade das nossas economias e sociedades a choques.”

Por isso, para o líder da ONU, a única resposta ao vírus implica uma liderança “corajosa, visionária e participativa”, a mesma liderança que é necessária para combater as alterações climáticas.

Para Guterres, é necessário “implementar com urgência medidas para fortalecer a resiliência e reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus”, sublinhando que “a tecnologia está do nosso lado.”

Na fase de adaptação, o líder da ONU defende que “precisamos de apoiar os países menos responsáveis pelas alterações climáticas, mas mais vulneráveis aos seus impactos”, por isso, é necessário “financiamento adequado, começando com a mobilização prometida de 100 mil milhões de dólares por ano para os esforços de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento.”

A recuperação da covid-19 constitui “uma profunda oportunidade de conduzir o nosso mundo por um caminho mais sustentável e inclusivo”, defendeu ainda o secretário-geral da ONU, com um plano que “aborda as alterações climáticas, protege o meio ambiente, reverte a perda de biodiversidade e assegura saúde e segurança a longo prazo da humanidade.”

Ao fazer a transição para um crescimento de baixo carbono e resiliente ao clima, será possível, segundo Guterres, criar um mundo limpo, verde, seguro, justo e mais próspero para todos.

O secretário-geral elencou algumas das medidas que são necessárias implementar, enfatizando que o dinheiro dos contribuintes “que é usado para resgatar empresas, deve criar empregos verdes e crescimento sustentável e inclusivo, e não deve estar a salvar indústrias ultrapassadas, poluentes e intensivas em carbono.” Guterres defende ainda a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis e a promoção de incentivos fiscais a projetos que contribuam para a transição da economia cinza para verde

Guterres terminou a sua intervenção dizendo que há sinais de progressos, mas reforçou que é necessária mais ambição e uma maior colaboração dos países mais poluentes.

ONU News