Guterres apresenta plano abrangente da ONU para a covid-19 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apresentou, em Nova Iorque, um plano abrangente para mitigar os efeitos da pandemia da covid-19. Ao longo de 2020, a covid-19 ceifou mais de 900 mil vidas e infetou mais de 27 milhões de pessoas. Este relatório atualizado fornece uma visão geral dos dados, análises, recomendações de políticas e apoio concreto que a ONU disponibilizou aos Estados e às comunidades para lidar com os impactos da doença na saúde, na economia e nos direitos humanos. 

Esta atualização inclui novos dados sobre como o vírus afetou economias e sociedades, e sintetiza os vinte documentos políticos setoriais publicados pela ONU ao longo dos últimos meses, com os impactos do vírus em vários grupos da população e nos diferentes setores de atividade.  

As Nações Unidas constatam que a pandemia é mais do que uma crise de saúde, é uma crise humana que revelou graves desigualdades sistémicas, e nenhum país foi poupado, bem como nenhum grupo da população. Durante a apresentação deste relatório, o secretário-geral da ONU explicou que irá fazer “um forte apelo à comunidade internacional para mobilizar todos os esforços para que o cessar-fogo global se torne uma realidade até ao final do ano.” Guterres afirmou que é necessário “aproveitar cada oportunidade nas próximas semanas e dar um novo impulso coletivo para a paz” e que “este é também o momento em que a comunidade internacional precisa de se unir para derrotar o vírus. 

O relatório identifica as consequências da pandemia: a economia global pode contrair cerca de 5% neste ano, até 100 milhões de pessoas podem ser empurradas de volta para a pobreza extrema, os avanços feitos na igualdade de género podem ser rapidamente perdidos e o índice de desenvolvimento humano global deve cair pela primeira vez. 

Neste contexto, a ONU está a centrar a sua reposta em três pontos: uma resposta de saúde eficaz; a adoção de políticas para salvaguardar meios de subsistência e um processo de recuperação que não deixa ninguém para trás, levando a um mundo pós-covid mais justo, resiliente e sustentável 

Desde o início da pandemia que o sistema das Nações Unidas se mobilizou cedo e de forma abrangente para liderar a resposta à saúde global, fornecendo assistência humanitária para salvar vidas aos mais vulneráveis, estabelecendo instrumentos para respostas rápidas ao impacto socioeconómico e definiu uma ampla agenda de políticas. 

No entanto, o mundo ainda está na fase aguda da pandemia e para a superar será necessária uma liderança política sustentada, níveis de financiamento sem precedentes e uma extraordinária solidariedade entre os países. Por isso, o mundo precisa do maior esforço de saúde pública da história da humanidade, de uma vacina, de diagnósticos e de tratamentos para todos, em todos os lugares. Uma vacina covid-19 deve ser vista como um bem público global. Guterres lembra, no entanto, que “uma vacina sozinha não pode resolver esta crise; certamente não no curto prazo”, sublinhando que é necessário “expandir maciçamente as ferramentas novas e existentes que podem responder a novos casos e fornecer tratamento vital para suprimir a transmissão e salvar vidas, especialmente nos próximos 12 meses.” 

Secretário-geral da ONU em conferência de imprensa Foto ONU/ Mark Garten

Por outro lado, este relatório sublinha que não se pode adiar a ação climática “porque as alterações climáticas não param”, por isso, é necessária uma resposta mais forte do que qualquer outra vista antes para salvaguardar vidas e meios de subsistência. Tal só será possível redefinindo e fortalecendo as estruturas de cooperação global. O secretário-geral enfatizou que “mesmo antes da pandemia, o mundo estava já a desviar-se dos esforços para erradicar a pobreza, alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a perder a batalha contra as alterações climáticas. Guterres lembrou que “as concentrações de gases de efeito estufa atingiram novos recordes em 2020” e que o hemisfério norte acaba de viver o verão mais quente já registado. 

A publicação constata ainda que é “vital fortalecer a preparação, a gestão e a resposta a uma pandemia, se não forem tomadas medidas para conter o contágio zoonótico, as pandemias serão cada vez mais comuns.” 

Consulte o relatório do secretário-geral na íntegra aqui. 

 


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