Guterres diz ao Conselho de Segurança que “guerra nunca é inevitável, é uma escolha”

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “a guerra nunca é inevitável, é uma escolha, e muitas vezes resulta de erros de cálculo.” Ele falou ao Conselho de Segurança nesta quinta-feira.

O evento debate a importância da Carta das Nações Unidas para a manutenção da paz e da segurança no mundo. A iniciativa marca ainda o 75º aniversário da organização, que é celebrado este ano.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, falou ao Conselho de Segurança, ONU/Eskinder Debebe

Mensagem

 “Numa mensagem especial para o Conselho”, Guterres afirmou que ser membro do órgão “é um privilégio que inclui responsabilidades vitais para defender os princípios e valores da Carta, sobretudo na prevenção e resolução de conflitos.”

Segundo o secretário-geral, “desacordos do presente e do passado não podem ser um obstáculo para agir contra as ameaças de hoje.”

Guterres disse que a comunidade internacional “deve evitar dois pesos e duas medidas, mas percepções desses padrões não podem ser uma desculpa para não ter qualquer padrão.”

Ferramenta

Neste “momento de divisões globais e instabilidade”, o secretário-geral acredita que a Carta da ONU “continua sendo a estrutura comum para a cooperação internacional.”

Segundo ele, a Carta, seus objetivos e princípios “continuam tão relevantes como sempre”, mas, por outro lado, “os instrumentos dela devem adaptar-se a novas realidades” e serem usados “com maior determinação e criatividade.”

António Guterres terminou dizendo que “neste momento em que fraturas globais correm o risco de explodir, é preciso regressar à estrutura” que manteve o mundo unido durante as últimas sete décadas. Para ele, esse “deve ser o trabalho que define o ano do 75º aniversário.”

Ameaças existenciais

No evento também discursou a presidente do grupo independente de ex-líderes globais The Elders. Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, acredita que o mundo enfrenta duas ameaças existenciais, a proliferação nuclear e a crise climática, mas que uma resposta multilateral está sendo dificultada pelo “populismo e pelo nacionalismo”.

Robinson pediu um reforço do Acordo de Não-Proliferação Nuclear e um acordo entre os Estados Unidos e a Rússia para estender o tratado conhecido como START até 2026. 

Ex-presidente da Irlanda e membro dos The Elders, Mary Robinson, no Conselho de Segurança, by Foto ONU/Loey Felipe

Ao abordar a mudança climática, ela falou de um “resultado desanimador” da COP 25, dizendo que “a vontade política é insuficiente para criar uma ação coletiva capaz de evitar uma catástrofe.” Para a ex-presidente irlandesa, é necessário “uma nova mentalidade.”

Gênero e ação

Destacando falta de progresso na igualdade de gênero, ela disse que “se as mulheres tivessem igualdade de poder, o mundo teria uma forma muito diferente de lidar com os desafios que enfrenta.” 

Robinson destacou os países com assento permanente no Conselho de Segurança, conhecidos como P5, para dizer que o órgão deve ser “uma forma de resolver desafios comuns” e não “um fórum para fazer avançar seus interesses próprios.” 

Por fim, ela afirmou que “o Conselho de Segurança deveria ser um ator central, mas é visto por muitos como desadequado para esse objetivo.”

O encontro é organizado pelo Vietnã, que tem a presidência do Conselho de Segurança este mês. Cerca de 110 Estados-membros se inscreveram para participar do encontro que deve durar dois dias.


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