Guterres na COP26: “É tempo de dizer basta!”

O Acordo de Paris foi assinado há 6 anos, 6 anos que são também os mais quentes desde que há registo. Foi com esta ideia que o secretário-geral da ONU, António Guterres, iniciou a sua intervenção na Conferência do Clima sobre Alterações Climáticas – COP26 – que começou este domingo em Glasgow, no Reino Unido.

O líder da ONU lembrou que a nossa dependência dos combustíveis fósseis está a levar a Humanidade ao abismo e que “é tempo de parar de brutalizar a biodiversidade, de nos matarmos a nós próprios com carbono, de tratar a natureza como esgoto.”

Guterres sublinhou que o planeta está “a mudar diante dos nossos olhos desde as profundezas dos oceanos até ao cume das montanhas, dos glaciares que se derretem aos impiedosos eventos climáticos extremos.”

Neste contexto, para o diplomata português é uma ilusão pensar que o mundo está no caminho certo para combater a emergência climática, porque os compromissos assumidos até agora para a redução de emissões “ainda condenam o mundo ao aumento calamitoso 2.7 graus”, muito aquém da meta de 1.5 graus.

Foto UNFCCC

Ação climática

Perante este cenário, Guterres explicou o que é necessário fazer para travar o aquecimento global e combater as alterações climáticas: “A ciência é clara. Sabemos o que é necessário fazer. Primeiro, temos de manter viva a meta de 1,5 grau. Isto requer mais ambição na mitigação e ação imediata para reduzir a emissões em 45% até 2030”.

O secretário-geral da ONU evidenciou que os países do G20 têm uma responsabilidade acrescida neste processo, uma vez que são responsáveis por 80% das emissões. E se os países desenvolvidos devem liderar o processo, também os países em vias de desenvolvimento têm que contribuir, lembrou Guterres, apelando que “os países desenvolvidos e as economias emergentes construam coligações capazes de criar as condições financeiras e tecnológicas para acelerar a descarbonização da economia e a eliminação do carvão.”

Para o ex-primeiro-ministro de Portugal, se os compromissos forem insuficientes até ao final desta COP, “os países devem revisitar seus planos e políticas climáticas nacionais.”

Países tentarão acordar metas mais ambiciosas para reduzir emissões e combater as alterações climáticas. Foto; UNFCCC

Proteção e financiamento

No seu discurso, António Guterres enfatizou ainda a necessidade de proteger os mais vulneráveis dos perigos das alterações climáticas, lembrando que na última década 4 mil milhões de pessoas sofreram com desastres relacionados com o clima e que a “devastação só deverá continuar a aumentar.”

O líder da ONU sublinhou ainda que a COP deve ser um momento de solidariedade e que os países desenvolvidos devem honrar o seu compromisso de disponibilizar 100 mil milhões de dólares por ano para financiar a ação climática.

Guterres terminou a sua intervenção lembrando que as sirenes estão a soar e que o Planeta nos está a avisar e fazendo um apelo à comunidade internacional: “escolham a ambição, escolha, solidariedade, escolham salvaguardar o futuro da Humanidade.”


Direito Internacional e Justiça

Entre as maiores conquistas das Nações Unidas está o desenvolvimento de um corpo de leis internacionais, convenções e tratados que promovem o desenvolvimento económico...