Guterres na Stockholm+50: “apelo ao fim da guerra suicida contra a natureza”

No seu discurso de abertura da Stockholm+50, uma das maiores conferências internacionais sobre o ambiente, o planeta e a ação climática, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ao “fim da guerra suicida contra a natureza.” 

Se o consumo global tivesse ao nível dos países mais ricos, precisaríamos de mais três planetas”. Esta é uma das várias declarações alarmantes apresentadas pelo secretário-geral da ONU no seu discurso de abertura da Stockholm+50, a conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente que decorre no dia 2 e 3 de junho na capital sueca. No seu discurso o secretário-geral pediu aos líderes mundiais que “nos conduzam para fora desta confusão” que é a tripla crise planetária gerada pelas alterações climáticas, a perda de biodiversidade e pela poluição. Só a poluição, afirma Guterres, causa “9 milhões de mortes anualmente. 

Stockholm+50
@Unep. O Secretário-Geral António Guterres (à direita) fala na Stockholm+50 na Suécia, juntamente com a chefe do PNUMA, Inger Andersen, e o presidente da AG, Abdulla Shahid.
Fim do carvão, combustível fóssil e do PIB 

Felizmente, afirma o secretário-geral “sabemos o que fazer. E, cada vez mais, temos as ferramentas para o fazer.” Mencionado as “oportunidades” que os líderes mundiais têm para mobilizar a ação climática tal como a Conferência dos Oceanos que decorre no fim deste mês em Lisboa, o líder da ONU anunciou que “temos de reduzir as emissões de gases em 45% até 2030.” Aos governos dos países do G-20, Guterres pediu que “acabem com a infraestrutura de carvão” entre 2030 e 2040, acabem com o financiamento aos combustíveis fósseis e invistam mais em energias renováveis.    

Adicionalmente Guterres criticou o Produto Interno Bruto (PIB) como medida de prosperidade e progresso. “Não esqueçamos que quando destruímos uma floresta, estamos a criar PIB. Quando pescamos demais, estamos a criar o PIB. O PIB não é uma forma de medir a riqueza na situação atual do mundo.” constatou o secretário-geral.” Em vez de focar-nos em crescer o PIB devemos focar-nos em estabelecer “uma economia circular e regenerativa. 

Progresso Ambiental  

Na Stockholm+50, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Abdulla Shahid,  afirmou que “o progresso humano não pode ocorrer num planeta que está privado dos seus próprios recursos, infetado pela poluição, e sob o ataque implacável de uma crise climática”. Para o progresso humano, defende Shahid, “precisamos de soluções que respondam aos obstáculos comuns que afetam toda a agenda ambiental, o que por sua vez acelerará a implementação da Agenda 2030, e promoverá uma recuperação resiliente e sustentável da pandemia“. 

Stockholm+50
@Stockholm+50. Ação de limpeza da lixeira de Huambo, em Angola em comemoração da Stockholm+50.

Uma destas tais soluções propostas é a Coligação para o Sustentabilidade Digital e Ambiental (CODES). Esta coligação conta com o apoio de 1,000 partes interessadas, mais de 100 países e visa “integrar a sustentabilidade em todos os aspetos da digitalização.” Isto inclui a construção de processos globalmente inclusivos para definir normas e guias de governação do mundo digital, alocação de recursos e infraestruturas para a sustentabilidade e a identificação de oportunidades para reduzir potenciais danos ou riscos da digitalização.   


Direito Internacional e Justiça

Entre as maiores conquistas das Nações Unidas está o desenvolvimento de um corpo de leis internacionais, convenções e tratados que promovem o desenvolvimento económico...