Haiti: Plano de Resposta Humanitária ao terramoto precisa de 84% mais financiamento

As Nações Unidas alertam que mais de 650.000 pessoas precisam de ajuda humanitária no Haiti. Estima-se que mais de 52.000 casas tenham sido destruídas e pelo menos 77.000 foram danificadas nas três regiões mais afetadas, deixando milhares de pessoas sem abrigo. O terramoto derrubou prédios, casas, danificou infraestruturas e estradas, forçando muitos haitianos a abandonarem as suas residências com receio que estas desabem.

O sismo de magnitude 7,2 que atingiu o Haiti a 14 de agosto vitimou 2.207 pessoas, fez mais de12.200 feridos e 340 desaparecidos. As novas necessidades de financiamento relacionadas com o abalo somam-se às de uma crise humanitária pré-existente no país. A 23 de agosto, de acordo com os Serviços de Rastreamento Financeiro (FTS), o Plano de Resposta Humanitária (HRP) estava somente 16% financiado.

De acordo com a Direção Geral de Proteção Civil do Haiti (DGPC), mais de 820.000 pessoas foram afetadas nas regiões de Sud, Grand’Anse e Nippes.

Tempestade tropical

Esta crise não poderia ter surgido em pior altura. A 17 de agosto, a tempestade tropical Grace inundou o sul do país. A mesma região que sofreu o impacto do abalo dias depois. O Haiti está ainda a recuperar do assassinato do seu presidente Jovenel Moïse, a 7 de julho, que exacerbou a violência de gangues no país. Uma situação que levou à migração interna de cerca de 19.000 pessoas no sul do país, agravando enormemente a já precária situação humanitária.

Segundo a ONU, cerca de 4,4 milhões de pessoas, ou quase 40% da população, enfrentam insegurança alimentar aguda, incluindo 1,1 milhão em níveis de emergência e 3,1 milhões de pessoas em níveis de crise. Estima-se que 217.000 crianças sofrem de desnutrição aguda. O sistema de saúde do país já anteriormente frágil, está sobrecarregado pela luta contra a pandemia da covid-19.

Sob a liderança do Governo, parceiros humanitários nacionais e internacionais estão a aumentar os esforços de resposta multissetoriais em todas as áreas afetadas pelo terramoto. Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais e agências da ONU, em parceria com ONGs locais, continuam a trabalhar para salvar vidas. Estas ativaram mecanismos de resposta a emergências, incluindo missões de busca e resgate. O governo e os parceiros da ONU estão a reforçar a resposta ao desastre natural, fazendo avaliações das necessidades e danos pós-impacto e ativando mecanismos de resposta rápida. O mecanismo de resposta global de Avaliação e Coordenação de Desastres da ONU (UNODC) foi ativado para apoiar a resposta. Porém, toda a ajuda é pouca.

As tensões no terreno estão a aumentar à medida que a ajuda chega às comunidades mais afetadas, enquanto o governo procura aumentar a frequência de escoltas humanitárias e intensificar as medidas de segurança. Apesar da negociação de um corredor humanitário, as restrições de acesso e a insegurança continuam a ser um dos principais desafios para os parceiros humanitários. Sem um acesso seguro e protegido a estas comunidades, milhares de pessoas irão morrer.

O objetivo imediato da resposta humanitária é o de salvar vidas, porém é necessária uma ampliação paralela da ação de desenvolvimento para reduzir os riscos e vulnerabilidades a longo prazo. As necessidades humanitárias no Haiti estão associadas a grandes défices de desenvolvimento. A resposta humanitária por si só não é suficiente para reduzir as necessidades e vulnerabilidades crónicas do país. Todos os doadores devem continuar a investir na minimização dos défices estruturais, fragilidades e crises recorrentes no Haiti.


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