Líderes europeus enfatizam a complexidade dos fluxos de migrantes e refugiados

Durante a Assembleia-Geral da ONU, a decorer em Nova Iorque, vários líderes europeus realçaram que a pressão dos fluxos de migrantes e de refugiados é uma das prioridades políticas a enfrentar.

Num tom pessimista, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio da Hungria, Péter Szíjjártó, afirmou que “muitas Nações estão a celebrar o 70º aniversário das Nações Unidas, mas não há grandes motivos para comemorar.”

“Durante os últimos cinco anos, temos assistido a 15 guerras e conflitos armados, que começaram ou recomeçaram. Atualmente, a Europa também está a enfrentar uma guerra”, acrescentou Péter Szíjjártó, referindo ao conflito na Ucrânia.

Tendo como foco as questões económicas, o político húngaro disse que não é necessário ser um economista para entender que a situação é “insustentável”, observando que a Europa alberga entre 7 e 8 por cento da população do mundo e produz 15 a 16 por cento do Produto Interno Bruto  (PIB) mundial, mas “distribui  50 por cento dos benefícios socias que são disponibilizados a nível mundial”.

Péter Szíjjártó afirmou que, apesar a pressão migratória ser um dos desafios mais difícies, infelizmente, “a Europa ainda não tem sido capaz de encontrar as respostas adequadas para este problema”.

“O que temos vindo a enfrentar não é uma crise de refugiados, é muito mais do que isso e muito mais complicado do que isso”, sublinhou, acrescentando que a Hungria está localizada na rota onde a migração é mais “intensiva”.

“Esta migração em massa é composta de requerentes de asilo, os migrantes económicos, e também alguns combatentes estrangeiros, infelizmente”, declarou, acrescentando que se a Europa não enfrentar o desafio agora, terá que enfrentá-lo no futuro.

O chefe da diplomacia húngara enfatizou que a atual situação resultou de uma série de “más decisões políticas internacionais”, bem como do facto do  grupo armado autodenominado Estado Islâmico ter conquistado cada vez mais território.

“Se não conseguirmos obter o controlo sobre nossas fronteiras, se não conseguirmos diminuir o fluxo migratório, se não conseguirmos diminuir esta pressão, então a Europa poderá também ser desestabilizada – a começar pelas periferias e, em seguida, no centro da Europa. Por isso, gostaria de salientar mais uma vez que este é um desafio global, que requer uma resposta e solução globais, baseadas na participação global”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Péter Szíjjártó considera que, em vez de abordar as consequências dos conflitos, a ONU deve concentrar-se em estabilizar a situação, enquanto os Estados-Membros devem trabalhar em conjunto para criar uma proposta em relação a adoção de quotas e assegurar que a Europa seja capaz de fazer com que haja um aumento de serviços.

Soluções diplomáticas e reforma do Conselho de Seguraça

O  Representante Permanente de San Marino para as Nações Unidas, Daniele D.  Bodini, também abordou os desafios globais da migração e dos conflitos internacionais.

“Todos os dias assistimos à migração trágica da África e da Ásia para a Europa”, disse Daniele D.  Bodini. “Essas pessoas desesperadas deixam os seus países e suas famílias para trás para fugirem de conflitos, violência e perseguição. Milhares delas já morreram no mar Mediterrâneo”, recordou.

Daniele D.  Bodini também falou sobre o Iraque e a Síria, “onde uma limpeza étnica e religiosa desumana está em curso, a ser realizada com uma ferocidade sem precedentes”, e expressou a esperança de que uma solução diplomática seja alcançada num futuro próximo.

O Representante Permanente de San Marino também mencionou a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança: “Acreditamos que a reforma do Conselho deva incluir um aumento na categoria de membros não-permanentes e uma distribuição geográfica mais equilibrada, através do mais amplo consenso possível.”

05 de outubro de 2015, Centro de Notícias da ONU, Traduzido e Editado por UNRIC


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