Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulga relatório onde destaca que mais de quatro mil milhões de pessoas vivem hoje sem qualquer tipo protecção social e destaca como a pandemia fez aumentar as despesas governamentais em cerca de 30%.
Apesar dos esforços dos governos em fazer chegar uma maior proteção social à população, durante a pandemia, mais de 4 mil milhões de pessoas continuam sem qualquer tipo de apoios. Este é o principal tema de um estudo divulgado esta quarta-feira pela OIT.
A entidade destaca que a resposta à pandemia foi “desigual e insuficiente, aumentando ainda mais a lacuna entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.”
Desemprego e pandemia
A OIT explica que a segurança social inclui acesso a cuidados de saúde e segurança salarial, especialmente em relação à idade, ao desemprego, a doenças, a incapacidades, a acidentes de trabalho, licença de maternidade e benefícios para famílias.
O diretor-geral da Organização, Guy Ryder, declarou que os “países estão numa encruzilhada” e acredita que este é um “momento crucial para aproveitar a resposta à pandemia e criar uma nova geração de sistemas de proteção social”. Segundo Ryder, só assim é que “os trabalhadores e as empresas terão a segurança para enfrentar transições futuras com confiança e esperança”.
A OIT destaca que apenas 47% da população mundial recebe cobertura de pelo menos um benefício social. O documento mostra ainda as desigualdades entre regiões, por exemplo, Europa e Ásia Central têm as maiores taxas de cobertura, com 84% das pessoas a receber pelo menos um benefício social. Nas Américas, 64% da população recebe proteção social, porém em África, o índice é de apenas 17,4%.
Proteção dos mais vulneráveis
Na média mundial, apenas uma em cada quatro crianças tem acesso às redes nacionais de segurança sociale somente 45% das mães com recém-nascidos recebe ajuda financeira e apenas uma entre três pessoas com algum tipo de incapacidade recebe algum benefício.
A OIT destaca que em Portugal, por exemplo, as mulheres que não têm direito a licença de maternidade paga pela segurança social recebem um subsídio de maternidade financiado pelos impostos.
O relatório informa ainda que apesar de 77,5% dos reformados receber pensão, existem muitas disparidades entre regiões, entre áreas rurais e urbanas e entre mulheres e homens.
Aumento dos investimentos
O total que os governos gastam em proteção social também varia muito. No geral, os países gastam quase 13% do PIB em benefícios sociais. Mas enquanto a taxa nos países desenvolvidos chega a 16,4%, nos países subdesenvolvidos, o índice é de apenas 1,1% do PIB.
Para garantir pelo menos uma cobertura básica de proteção social, os países em desenvolvimento precisam de investir mais 77,9 mil milhões de dólares , todos os anos, enquanto para os países em vias de desenvolvimento, a indicação da OIT é que seja necessário um investimento extra anual de 750,8 mil milhões de dólares.
A diretora do departamento de Proteção Social da OIT, Shahra Razavi, lembra que os gastos públicos aumentaram muito com as medidas de resposta à crise pandémica, mas segundo a responsável , se os países cortarem na proteção social os danos serão ainda maiores e apela a investimentos por parte dos governos.