Mensagem do Secretário-geral da ONU para o Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio no Ruanda, 7 de abril de 2016

Em 1994, mais de 800 mil pessoas foram sistematicamente assassinadas, por todo o Ruanda. A grande maioria eram Tutsi, mas também foram alvos os Hutu moderados, os Twas e pessoas de outras etnias. Neste dia, recordamos todos os que pereceram no genocídio e renovamos a nossa resolução para prevenir que tais atrocidades alguma vez se repitam em qualquer parte do mundo.

Devemos todos inspirar-nos na coragem dos sobreviventes ao demostrarem que a reconciliação é possível, mesmo depois de uma tragédia de tal gravidade.  Com a região de Grandes Lagos ainda a enfrentar sérias ameaças à paz e segurança, a conciliação e a reconstrução continuam a ser essenciais.

Honrar a memória das vítimas do genocídio no Ruanda também significa trabalhar pela justiça e pela prestação de contas. Saúdo os Estados-membros das Nações Unidas dessa região e outros países por darem continuidade aos esforços para prender e entregar os restantes fugitivos e pôr fim à impunidade. A melhor forma de assegurar que o genocídio e outras graves violações dos direitos humanos e do Direito Internacional não voltam a acontecer é através do reconhecimento da partilha de responsabilidade e de compromisso em agir para proteger aqueles que estão em risco.

O genocídio não é um evento único. É um processo que leva tempo e requer preparação. A história demonstrou, repetidamente, que nenhuma parte do mundo está imune. Um dos principais sinais de alerta é a alastração dos discursos de ódio, no espaço público e nos meios de comunicação social, que têm por alvo comunidades específicas.

O tema de observância deste ano é “Combater a Ideologia do Genocídio”. É essencial que os governos, o poder judiciário e a sociedade civil permaneçam firmes contra os discursos de ódio e aqueles que incentivam a divisão e a violência. Devemos promover a inclusão, o diálogo e o Estado de Direito para criar sociedades justas e pacíficas.

A história do Ruanda ensina-nos uma lição essencial. Embora a capacidade para o mal mais negro resida em todas as sociedades, o mesmo sucede no que se refere a qualidades tais como a compreensão, a generosidade e a reconciliação. Vamos cultivar essas valores da nossa humanidade comum para ajudar a construir uma vida de dignidade e segurança para todos. 


Direito Internacional e Justiça

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