Moldávia – “um país pequeno com um grande coração”

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reuniu-se com a presidente e a primeira ministra da Moldávia e aproveitou também para visitar um centro de refugiados.

De braços abertos

Na conferência de imprensa em Chişinau, Moldávia, o secretário-geral salientou que estava no país “numa missão de solidariedade e gratidão, para agradecer a Moldávia pelo apoio contínuo a paz e pela generosidade dos cidadãos que acolheram quase meio milhão de refugiados ucranianos de braços abertos.

A Moldávia “não é apenas mais um país a receber refugiados” afirmou Guterres. Considerando o mais frágil e vulnerável dos países vizinhos da Ucrânia, a Moldávia é o país que mais recebeu refugiados, proporcionalmente à sua própria população. Aproximadamente 100,000 de refugiados ucranianos estão agora no país, e subsequentemente 4% da população na Moldávia são refugiados oriundos da Ucrânia.

@ UN News.Campo de refugiados em Palanca, Moldávia, na fronteira com a Ucrânia.

Mesmo com recursos limitados e instabilidade financeira, o país dá um subsídio de 190$ dólares para quem acolhe refugiados mas muitos moldavos continuam a receber refugiados sem receber nada e atualmente 95% dos refugiados estão a viver em casas. Adicionalmente, uma parte considerável da população trabalha voluntariamente na fronteira e nos campos de refugiados para apoiar os que fogem da guerra. Por fim, as Nações Unidas “saudaram as medidas que a Moldávia e outros países vizinhos estão a tomar para proteger os refugiados do tráfico humano, da violência de género, e de outras formas de abuso.

Particularmente vulnerável

O secretário-geral da ONU realçou as circunstâncias únicas do país. De todos os países na região, a Moldávia é o único que não pertence à União Europeia e ao falar com a imprensa apresentou uma comparação entre um país da União Europeia, Portugal, e a Moldávia. O meu país “beneficiou enormemente ao ser membro da União Europeia. O investimento massivo da UE no meu país inclui o apoio que recebemos durante a crise da covid-19 e os planos de recuperação que foram aprovados.” Em contraste, países como a Moldávia já estavam a sofrer antes do início do conflito militar na Ucrânia devido à “covid-19 e a recuperação desproporcional que infelizmente ocorre neste país graças à falta de solidariedade efetivo dos ricos para com os pobres.”

@UN Photo/ Mark Garten. O secretário-geral, António Guterres, dirige-se à imprensa em Chisinau, a capital da Moldávia.

Além desta dificuldade preexistente, o impacto da guerra na Ucrânia também se manifestou fortemente na Moldávia. O diretor do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, IFAD, na Moldávia, Samir Bejaoui explicou que “ao mesmo tempo em que apoia os vizinhos necessitados, o país enfrenta a falta de importações e exportações limitadas.” A Moldávia, relembra Bejaoui, é um dos países mais pobres da Europa e depende fortemente da atividade agrícola. Antes da guerra o país importava 90% dos seus cereais, combustível e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia. Com a guerra, 33 mil agricultores da Moldávia não têm produtos e ferramentas suficientes para se sustentarem.

Apoio maciço 

“A Moldávia precisa e merece um apoio maciço, incluindo apoio orçamental para igualar a sua generosidade e preservar a estabilidade.”

Enquanto se reunia com a presidente da Moldávia, António Guterres salientou a sua preocupação para com o impacto da guerra na Ucrânia no país, felicitou os esforços da nação no acolhimento dos refugiados mas também em áreas como o desenvolvimento sustentável e reiterou o apoio da ONU “não só ao povo da Ucrânia, mas também ao povo da Moldávia durante estes tempos difíceis” enfatizando que a “soberania, independência e integridade territorial” da Moldávia “não devem ser ameaçadas ou comprometidas”. Finalizando a sua reunião o secretário-geral “apelou também à comunidade internacional a demonstrar verdadeira solidariedade e apoio à República da Moldávia.”

@ UN Photo/Mark Garten. O secretário-geral encontrou-se com a primeira-ministra da Moldávia, Natalia Gavrilița.

Ao responder à questão “de que tipo de apoio precisa a Moldávia nesta crise?”, Guterres respondeu que “antes de mais, a Moldávia precisa de um apoio financeiro maciço. A Moldávia tem uma situação económica muito difícil, os preços da energia alimentar e dos combustíveis aumentaram dramaticamente.”

As Nações Unidas comprometeram-se a ajudar “90,000 refugiados e 55,000 moldavos, em coordenação com o governo e outros parceiros” mas os recursos da organização são limitados. Para poder apoiar os refugiados, os governos e todos os outros afetados pela guerra na Europa, a ONU precisa que os dois apelos humanitários de 2.25$ mil milhões de dólares para as ações humanitárias dentro da Ucrânia e de 1.85$ mil milhões para a resposta aos refugiados sejam “financiados por inteiro”.


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