O poder de rainhas e guerreiras que Angola trouxe para reflexão sobre igualdade de género

A primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, levantou uma reflexão nas Nações Unidas sobre o poder e a influência das mulheres nas sociedades ao exaltar o papel de rainhas e guerreiras africanas.

“Em África existe uma longa tradição de poder feminino. Desde a responsabilidade ancestral de organização e liderança da vida familiar às mulheres rainhas e guerreiras. A História de Africa está repleta de rainhas, guerreiras ou líderes tribais ou espirituais, que granjearam respeito e poder. Combateram invasores, expandiram territórios e transmitiram coragem aos seus povos.”

Construção

Angola teve a rainha-guerreira Ginga como um ícone da luta anti-colonial da consolidação da identidade nacional entre 1583 a 1663. A História africana regista rainhas egípcias, como Cleópatra ou Hatshepsut, as etíopes Candance e Makeda, conhecida como rainha do Sabá.

A primeira-dama angolana foi a única com esse título a participar esta segunda-feira na 2ª reunião do Grupo de Mulheres Líderes pela Igualdade do Género.

Falando em exclusivo à ONU News, após o encontro, a reppresentante angolana defendeu  que nas sociedades é importante construir a paridade de género  com “a força, a determinação e a responsabilidade” das mulheres.

ONU

Ana Dias Lourenço (segunda da esquerda para direita) na reunião da iniciativa Líderes para a Igualdade de Gênero, lançada pela presidente da Assembleia Geral (centro).

Poder

“Eu não penso, não corroboro que o facto de nós termos instrumentos internacionais que definam cotas, que nós só com estes instrumentos consigamos alguma coisa. Então, achei importante nos inspirar naquilo que já é ancestral no mundo e em África. O poder das rainhas, o poder das guerreiras e nós temos muitos exemplos se nos inspirarmos no poder destas mulheres que eu não tive oportunidade de citar todos os nomes mas citei alguns, as rainhas egípcias e a nossa própria rainha Ginga.”

Ana Dias Lourenço defendeu ainda que a educação continua a ser o objectivo fundamental para superar barreiras e melhorar as oportunidades de vida das pessoas de todas as idades e origens.

Geradoras de Rendimento

A participante angolana chamou a atenção para que se saiba “educar”,  em especial às meninas, para que estas possam ser em adultas geradoras de rendimento.

 “Eu acho que é possível melhorar. Nós temos encontrado em Angola no seio da juventude muitas iniciativas e muitos desafios ao nível da juventude. Os exemplos que eu citei no debate resultam da organização de jovens talentos que descobriram que é possível fazer coisas”.

Uma das prioridades das autoridades angolanas é  melhorar a qualidade do sistema de educação, para reforçar a capacidade das mulheres jovens de participar na sociedade.

A primeira-dama disse que essa perspectiva abrange a inclusão escolar, a igualdade do género no acesso ao ensino e o combate às assimetrias regionais com o desenvolvimento económico e social.

© Acnur/Omotola Akindipe

Luanda, em Angola, acolhe este ano o Fórum de Empreendedorismo Feminino 19, que em uma semana reunirá mulheres empreendedoras dos diferentes sectores angolanos.

Analfabetismo

Ana Dias Lourenço  disse que esses temas são levados em conta pelo executivo através de programas para erradicar o analfabetismo como factor principal de desenvolvimento humano e considerado como um meio de combate à pobreza.

Em março, Dias Lourenço lançou uma plataforma denominada de “Transforme Vidas Seja Mulher”. Este espaço dedicado a jovens mulheres pretende motivá-las a assumir o seu papel de agentes de mudança e influência nas suas comunidades.

No evento, a representante anunciou ainda que Luanda acolhe este ano o Fórum de Empreendedorismo Feminino 19, que em uma semana reunirá mulheres empreendedoras dos diferentes sectores angolanos.


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