O povo do Iémen desespera por ajuda

 A ONU convocou um encontro de Alto Nível sobre a Crise Humanitária no Iémenpaís que é atualmente palco para a maior crise humanitária do mundo. 82% da população necessita de ajuda urgente, 16 milhões de pessoas passarão fome este ano e 5 milhões arriscamse a morrer à fome.

Nesta segunda-feira, 1 de março de 2021, as Nações Unidas reuniram os Estados-membros com o objetivo de firmar compromissos e mobilizar recursos para atender às urgências do Iémen. Desde que a guerra civil eclodiu no país em 2014, a fome aguda, as chuvas torrenciais, a crise económica, a praga de gafanhotos, a cólera e a Covid-19 devastaram o país. O financiamento insuficiente do Programa Mundial de Alimentos dificulta a assistência a milhões de iemenitas.

De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), 82% do total da população iemenita (29,8 milhões de pessoas) precisa de ajuda humanitária e 19 milhões são vítimas da violência. À data de hoje, 10,7 milhões de pessoas recebem ajuda e o investimento necessário é de 2,8 mil milhões de euros, para que possa chegar a toda a população necessitada.

O principal objetivo do evento de Alto Nível desta segunda-feira é que os Estados-membros e outros doadores apresentem compromissos para atender às graves necessidades do país. “Para a maioria das pessoas, a vida no Iémen é hoje insuportável. A infância no Iémen é uma espécie de inferno ”, alertou o secretário-geral da ONU António Guterres.

Um olhar sobre a urgência

Antes do evento, o fotógrafo premiado Giles Clarke deslocou-se ao Iémen a convite da ONU. Este é o resultado do seu trabalho.

Iémen © UNOCHA / Giles Clarke

Hanan, 35 anos, mãe de dois filhos. Deslocada pela guerra.

“Quando o bombardeamento se aproximou da nossa casa em Hudaydah, fugimos e deixámos tudo. A estrada para Aden era um caminho perigoso, com balas disparados dos postos de controlo. Não tenho um emprego. Peço ajuda às pessoas e comida para os meus filhos. Por vezes, recebemos comida e outras vezes não nos dão nada. A minha irmã morreu no bombardeamento em Hudaydah. Tudo mudou na minha vida. ”

Hanan é divorciada e cuida dos seus filhos, de 13 e 7 anos.

Iémen © UNOCHA / Giles Clarke

 Zahraa, 23 anos. Deslocada pela guerra.

“Sou casada e temos uma filha. O nome dela é Amal e tem 2 anos. Moramos com a minha mãe, as minhas irmãs e o meu irmão. Os meus pais são divorciados. O que mais me deixa feliz é quando nos sentamos e discutimos os nossos sonhos. A minha irmã quer terminar os estudos na universidade. O meu irmão quer casar. Sinto falta da estabilidade. Espero que possamos voltar para nossa cidade natal. ”

Iémen © UNOCHA / Giles Clarke

Yebrah, 50 anos, mãe de dez filhos. Deslocada pela guerra.

“Tenho 10 filhos – 2 morreram e 8 estão vivos. Os meus filhos são a coisa mais preciosa da minha vida. A coisa mais difícil que já passei foi perder um dos meus filhos com um tumor no cérebro. ”

Iémen © UNOCHA / Giles Clarke

Taybah, 5 anos. Deslocada pela guerra

“A coisa de que eu mais gosto é brincar com minhas bonecas.”

 Iémen © UNOCHA / Giles Clarke

Kamal, 35 anos. Deslocado pela guerra.

“A situação em Hudaydah era muito má. As nossas casas foram atingidas e as casas foram destruídas por bombardeamentos. Perdi o meu pai. A nossa vida aqui é um dia de trabalho para 10 dias sem trabalho. Comemos duas refeições por dia. Se tomarmos o pequeno-almoço e almoçarmos, já não jantamos. O meu filho tem uma doença cardíaca. O tratamento não está disponível aqui; Tenho de o trazer de Hudaydah. Se ele parar de o tomar por uns dias, ele fica muito cansado. É um tratamento para toda a vida. Aquilo de que mais me orgulho é do meu filho. Ele dá-me força para continuar. O meu filho, Rakan, e a sua mãe. A minha família é o mais importante. E tudo o que desejo é que o meu filho seja curado.”

Iémen © UNOCHA / Giles Clarke

Fátima, 45 anos, mãe de onze. Deslocada pela guerra.

“O bombardeamento foi tão pesado. Tínhamos que agarrar em tudo o que podíamos e sair de casa imediatamente. Deixei os meus documentos de identidade e tudo o que é importante para trás ”. “Precisamos de alugar um quarto e não podemos continuar numa barraca. A chuva e o vento tornam tudo muito difícil. ”

Fátima tem 11 filhos e filhas. Fugiu de Hudaydah há três anos na sequência dos ataques aéreos e bombardeamentos.


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