OMS: surto de varíola do macaco ainda pode ser contido

O surto de varíola do macaco que afeta já 16 países e várias regiões do mundo ainda pode ser contido e o risco global de transmissão é baixo, afirmou a agência de saúde da ONU.

“O que sabemos deste vírus e sobre os modos de transmissão, este surto ainda pode ser contido; o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos Estados-membros é conter este surto e pará-lo” afirmou Rosamund Lewis, chefe da equipa da varíola, que faz parte do Programa de Emergências da OMS. “O risco para o público em geral parece, portanto, ser baixo, porque sabemos quais os principais modos de transmissão”.

Os últimos dados dos Estados-membros da OMS recolhidos no dia 22 de Maio, indicam mais de 250 casos confirmados e suspeitos de varíola do macaco em 16 países e várias regiões da OMS. Com 58 casos confirmados (a 27 de maio de 2022), Portugal é um dos países mais afetados.

Os sintomas podem ser muito semelhantes aos experienciados pelos doentes com varíola, e, embora sejam menos graves clinicamente são visualmente dramáticos, com pústulas e febre de duas a quatro semanas nos casos mais graves.

Transmissão cutânea

De acordo com a OMS, este surto de varíola do macaco foi transmitido principalmente pelo contacto próximo cutâneo, embora o vírus também possa ser transmitido pelas gotículas de ar e roupa de cama contaminada.

O período de incubação da varíola do macaco é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar entre 5 a 21 dias. “Ainda não temos informação sobre se o vírus poderá ser transmitido através de fluidos corporais”, observou a especialista da OMS, antes de alertar os grupos potencialmente em risco a “estarem atentos” quando em contacto próximo com outros.

Num esforço para advertir contra a estigmatização daqueles que adoecem com este vírus, a OMS insistiu que embora a maioria dos casos de infeção tenham sido ligados principalmente a homens que têm relações sexuais com homens, isto deve-se provavelmente ao facto de serem mais pró-ativos na procura de conselhos de saúde do que outros.

A doença “pode afetar qualquer pessoa e (não está) associada a qualquer grupo particular de pessoas” disse a Dra. Lewis aos jornalistas em Genebra.

CDC

Realidade para muitos

A OMS sublinhou que o que é invulgar neste surto é que “os países que estão agora a notificar a varíola macaco são países que normalmente não têm surtos de varíola macaco. Há vários países em que esta doença é endémica: a República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Nigéria e Camarões estão a notificar casos neste momento e há outros países que notificaram casos no passado”.

Reservas de vacinas

Embora no passado a vacinação contra a varíola proporcionasse proteção contra a varíola, as pessoas com menos de 40 a 50 anos de idade hoje podem ser mais suscetíveis à infeção pela varíola, uma vez que as campanhas de vacinação contra a varíola terminaram globalmente após a erradicação da doença em 1980.

Embora os Estados-membros tenham pedido à OMS para manter reservas de vacinas contra a varíola no caso de um novo surto da doença, a Dra. Lewis explicou que “já passaram 40 anos e estas reservas podem precisar de ser renovadas – precisam certamente de ser revistas – e a OMS tem estado a trabalhar nisto e tem estado a analisar a situação”.

Existem duas variantes do vírus da varíola macaco: a variante da África Ocidental e a da Bacia do Congo (África Central). O primeiro caso humano foi identificado numa criança na República Democrática do Congo em 1970 e embora o nome varíola do macaco tenha origem na descoberta do vírus em macacos num laboratório dinamarquês em 1958, é um pouco enganador, explicou a Dra. Lewis.


Direito Internacional e Justiça

Entre as maiores conquistas das Nações Unidas está o desenvolvimento de um corpo de leis internacionais, convenções e tratados que promovem o desenvolvimento económico...