ONU alerta para urgência de adaptação a “nova realidade climática”

Novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) reforça que os países devem adotar, com urgência, ações de adaptação à mudança climática, sob pena de enfrentarem danos profundos e perdas, à medida que as temperaturas aumentam e os impactos se intensificam. 

2020 foi um dos três anos mais quentes desde que há registo. De acordo com Organização Meteorológica Mundial (OMM), influência do fenómeno climático de arrefecimento La Niña não foi suficiente para evitar este resultadoO ano de 2020 foi também marcado por inundações, secas, tempestades, incêndios florestais e pragas de gafanhotos. Contudo, a temperatura é apenas um dos indicadores das alterações climáticas, a par das concentrações de gases de efeito estufa, do pH dos oceanos, do nível médio do mar, da massa glacial e das catástrofes naturais. 

Segundo o Adaptation Gap Report 2020, 72% dos países do mundo têm um plano nacional de adaptação em vigor, mas o financiamento e a implementação ficam muito aquém do necessário. Atualmente, os países em desenvolvimento necessitariam de 58 mil milhões de euros de investimento, mas poderão ser necessáriaduas ou três vezes mais fundos até 2030. Em 2050, esses custos poderão atingir 412 mil milhões de euros.  

Para a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, as alterações climáticas “ganharão intensidade e atingirão as comunidades vulneráveis com mais força, mesmo cumprindo as metas do Acordo de Paris 

A adaptação – que contribui para reduzir a vulnerabilidade dos países às alterações climáticas, aumentando a sua resiliência e capacidade de absorver impactos – é um pilar primordial do Acordo de Paris, que apela à aplicação de planos nacionais, sistemas de informação, medidas de proteção e investimentos no controlo da poluição. 

“A confirmação, pela Organização Meteorológica Mundial, de que 2020 foi um dos anos mais quentes de sempre é um lembrete gritante do ritmo implacável das alterações climáticas, que destrói vidas e meios de subsistência em todo o planeta. Fazer as pazes com a natureza é a tarefa fundamental do século XXI” – secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres 

No que toca a sinais de esperança, o relatório do PNUMA sinaliza o financiamento crescente do Fundo Climático Verdeque angariou 40% do seu orçamento total e atrai, cada vez mais, investimentos do setor privado. Desde 2006, cerca de 400 projetos foram financiados por fundos multilaterais nos países em desenvolvimento. Desde 2017, os investimentos duplicaram, ultrapassando os de 21M€. 

O relatório destaca ainda a urgência de uma ação global forte, com investimento adequado em soluções baseadas na natureza por serem opções de baixo custo, que restauram e protegem a biodiversidade com benefícios para as comunidades e as economias. Embora se antecipe que a pandemia de covid-19 atinja o progresso dos países na adaptação às mudanças climáticas, o relatório assegura que investir na adaptação é uma boa decisão económica. 


Direito Internacional e Justiça

Entre as maiores conquistas das Nações Unidas está o desenvolvimento de um corpo de leis internacionais, convenções e tratados que promovem o desenvolvimento económico...