ONU combate microplásticos presentes em cigarros

Uma nova parceria da ONU anunciada na quarta-feira visa aumentar a sensibilização para os impactos ambientais e sanitários dos microplásticos presentes nas pontas dos cigarros, o resíduo mais descartado em todo o mundo.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Secretariado da Convenção-Quadro da Organização Mundial de Saúde para o Controlo do Tabaco (OMS FCTC) lançarão uma campanha nos meios de comunicação social para destacar esta questão.

A parceria é facilitada através da campanha ‘Clean Seas’ (Mares Limpos, em português) do PNUMA, uma coligação global composta por 63 países dedicados a acabar com a poluição marinha através do plástico e combina a respetiva experiência das duas agências sobre as dimensões sanitárias e políticas dos produtos relacionados com o tabaco, tal como a investigação e advocacia relacionada com a poluição causada pelo plástico.

Montanha de ‘lixo tóxico’ causada por cigarros

Globalmente, são produzidos anualmente mais de seis biliões de cigarros, cada um contendo filtros, que são compostos principalmente por microplásticos conhecidos como fibras de acetato de celulose.

No entanto, as pontas de cigarro que não são devidamente eliminadas são decompostas por fatores como a luz solar e a humidade, libertando dessa forma microplásticos, metais pesados e muitos outros químicos que têm impacto na saúde humana e no funcionamento dos ecossistemas.

As beatas de cigarro equivalem a mais de 766 milhões de quilos do lixo tóxico que é expelido em cada ano. Só em Portugal, estimava-se em 2016 que mais de sete mil beatas fossem descartadas no chão a cada minuto, segundo o jornal Público. As beatas são também os detritos à base de plástico mais encontrados nas praias ao redor do mundo, tornando os ecossistemas marinhos mais susceptíveis a fugas de microplásticos.

Foto de WMO/San Nguyen

Quando ingeridos, os químicos perigosos dos microplásticos são as causas de uma maior taxa de mortalidade na vida marinha, que inclui as aves, os peixes, os mamíferos, as plantas e os répteis que vivem em zonas marítimas.

Estes microplásticos também penetram a cadeia alimentar através da ingestão de animais ou plantas contaminados, estando associados a graves impactos na saúde humana, que podem incluir alterações na composição genética, no desenvolvimento cerebral, na taxas respiratórias e em muitas mais áreas.

Advocacia para a mudança

Esta campanha, que será desenvolvida através dos meios de comunicação social, terá como objetivo envolver influencers, bem como Embaixadores da Boa Vontade e os Jovens Campeões da Terra do PNUMA.

Incluirá também um ângulo de advocacia política, destacando uma diretiva recente da União Europeia que exige que todos os produtos do setor do tabaco que contenham filtros de plástico sejam claramente rotulados para encorajar o público a defender mudanças semelhantes a nível mundial.

“O Secretariado da FCTC da OMS tem a perícia técnica relativa ao impacto dos produtos relacionados com o tabaco não só a nível da saúde humana mas também do ambiente”, explicou o chefe da advocacia pública do PNUMA, Atif Butt.

“Ao juntarmos os conhecimentos especializados do PNUMA e do Secretariado da OMS FCTC sob a campanha ‘Clean Seas’ acerca dos microplásticos, pretendemos destacar como a nossa saúde está intrinsecamente ligada à do nosso planeta”.


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