ONU faz apelo de 2,8 mil milhões de dólares para Gaza e Cisjordânia    

UNRWA: A ONU continua a fornecer ajuda humanitária em Gaza.

Algumas agências da ONU lançaram um apelo de 2,8 mil milhões de dólares para fornecer assistência urgente a milhões de pessoas em Gaza, mas também na Cisjordânia, onde palestinianos foram alvo do aumento da violência por parte dos israelitas.   

O apelo abrange a assistência a 3,1 milhões de pessoas até ao final do ano, incluindo as 2,3 milhões de pessoas na Faixa de Gaza, onde os especialistas em insegurança alimentar alertaram que a fome iminente se aproxima no norte.  

 

Falta de produtos alimentares básicos 

Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) “mais de metade da população de Gaza enfrenta níveis catastróficos de fome”. Os mercados carecem de produtos alimentares básicos e dependem de fornecedores informais que oferecem alguma ajuda.   

A agência da ONU afirma que uma tendência preocupante identificada é o “aumento da revenda de ajuda humanitária nos mercados, especialmente vendedores ambulantes informais, muitos dos quais são crianças”.  

Enquanto líder deste novo apelo, o OCHA constata que o pedido de financiamento cobre os requisitos da Agência da ONU de Assistência os Refugiados Palestinos (UNRWA) que continua a ser “a espinha dorsal” da resposta humanitária em Gaza e na Cisjordânia.  

Quase um milhão das 1,7 milhões de pessoas deslocadas estão abrigadas nos 450 abrigos públicos da UNRWA, ou nas proximidades da agência, que conta com mais de 13 mil funcionários em Gaza, 3,5 mil dos quais envolvidos na ajuda humanitária. A UNRWA também ajuda 1,1 milhão de palestinianos e outras pessoas na Cisjordânia, dos quais 890 mil são refugiados.   

UNOCHA/Themba Linden: Apelo de US$ 2,8 bilhões representa apenas parte dos US$ 4,1 bilhões que a ONU e os parceiros estimam serem necessários

Água não potável e esgotos 

Segundo relatos de profissionais da ONU, os bombardeios israelitas continuam a acontecer na Faixa de Gaza, inclusive na Cidade de Gaza, no norte, em Rafah, no sul, e no centro do enclave. Estima-se que mais de uma dúzia de pessoas tenham morrido num suposto ataque de mísseis a um campo de refugiados na terça-feira.   

De acordo com o OCHA, a falta de acesso à água potável continua a ser uma grande preocupação humanitária, com apenas uma das três fontes de abastecimento provenientes de Israel em operação, com apenas 47% da capacidade.  

Existem também menos de 20 poços de águas subterrâneas, que só funcionam “quando há combustível disponível”. De momento, não há nenhum sistema de tratamento de águas residuais totalmente funcional.   

A agência acrescentou que há esgotos a transbordar “em muitas áreas, aumentando os riscos para a saúde pública em Gaza”.  

Uma avaliação recente conduzida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que analisou 75 locais em Rafah, concluiu que um terço das 750 mil pessoas que habitam esses espaços consomem água de fontes impróprias. Além disso, a disponibilidade média de água é de apenas três litros por pessoa por dia.  

 

Nível de destruição de hospitais é “de partir o coração” 

Após a retirada das forças israelitas do sul de Gaza no início deste mês, os profissionais humanitários expressaram preocupações com uma operação militar pelas Forças de Defesa Israelitas na cidade de Rafah.  

Esta quarta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou como a missão de segunda-feira à Cidade de Gaza foi “severamente atrasada, deixando menos tempo” para avaliar os danos e as necessidades no destruído hospital Al-Shifa e no Hospital Indonésio.  

Tedros Ghebreyesus afirmou que “a remoção dos cadáveres em Al-Shifa continua em andamento”. Segundo o responsável, “o departamento de emergência está a ser limpo por profissionais de saúde e os leitos queimados foram removidos”, mas ainda falta uma avaliação de engenharia completa. O chefe da OMS mencionou ainda esforços em curso para reabrir o Hospital Indonésio.  

Tedros declarou que “o nível de destruição dos hospitais de Gaza é de “partir o coração” e apelou para que os hospitais sejam protegidos e não “atacados ou militarizados”.  

O apelo de 2,8 mil milhões de dólares representa apenas parte dos 4,1 mil milhões que a ONU e os parceiros estimam ser necessários para satisfazer as necessidades dos mais vulneráveis. O valor reflete o que as equipas humanitárias acreditam ser exequível nos próximos nove meses.  

 

 

*artigo originalmente publicado pela ONU News em português