ONU quer combate imediato das causas para aumento de migração da América Central

Uma pesquisa com milhares de lares de três países da América Central revela que um aumento de mais de 500%, em apenas dois anos, na porcentagem de pessoas que consideram a possibilidade de deixar seu país para viver em outro.

A análise de várias agências internacionais incluindo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e a Organização dos Estados Americanos, OEA, sugere que a migração é motivada por várias causas incluindo insegurança alimentar, pobreza, violência e crise climática.

Uma jovem que fugia da violência no México foi detida enquanto viajava com sua irmã para encontrar sua mãe nos Estados Unidos

© Unicef/Adriana Zehbrauskas

Uma jovem que fugia da violência no México foi detida enquanto viajava com sua irmã para encontrar sua mãe nos Estados Unidos

Alto preço

Nos últimos cinco anos, pelo menos 378 mil pessoas, anualmente, migraram da América Central para os Estados Unidos. A maioria é de três países: El Salvador, Guatemala e Honduras.

O relatório que é assinado ainda pelo Instituto de Política Migratória e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, revela que um alto preço é pago em custos humanos e econômicos com viagens regulares e irregulares. Um total de US$ 2,2 bilhões.

Os dados indicam que apesar de 43% pensarem em migrar, apenas 3% fizeram planos concretos. Muitos citam os altos custos associados com a mudança como impedimentos assim como a separação das famílias.

A maioria dos migrantes ou 55% contaram ter pagado a um contrabandista uma média de US$ 7,5 mil por pessoa. Por canais legais, este custo seria de US$ 4,5 mil.

Migrantes da América Central em uma estação de migração localizada entre o México e o Texas

© UnicefAdriana Zehbrauskas

Migrantes da América Central em uma estação de migração localizada entre o México e o Texas

Covid-19

E 89% dos entrevistados contaram que os Estados Unidos eram seu destino final.

A pesquisa associa a ligação entre insegurança alimentar e migração da América Central. Pessoas nessa condição têm três vezes mais chance de fazer planos para deixar o país de origem.

Com a Covid-19, aumentaram os casos de fome e insegurança alimentar porque muitas famílias não tinham dinheiro para comprar comida.

Em outubro de 2021, o PMA estimava que o número de centro-americanos nessa situação havia crescido 300% para 6,4 milhões em El Salvador, Guatemala e Honduras.

Um outro motivo para que os centro-americanos deixem suas casas para viver fora é a violência e a insegurança além de choques climáticos, secas, tempestades tropicais etc.

No ano passado, dois furacões criaram uma deterioração das condições de vida na região.

Caravana de migrantes da América Central passa por Chiapas, no México, a caminho dos Estados Unidos, em 2018

© Rafael Rodríguez / OIM

Caravana de migrantes da América Central passa por Chiapas, no México, a caminho dos Estados Unidos, em 2018

Visto

A expansão de programas de proteção social que ajudam a aliviar a pobreza e a erradicar a fome é um fator chave para conter a migração. Com projetos de transferência de dinheiro, ações de merenda escolar e apoio a produtores e agricultores locais, muitos governos podem socorrer famílias de baixa renda.

O relatório também recomenda investimentos e iniciativas de desenvolvimento econômico sob medida para as pessoas mais carentes, para que elas não tenham que deixar seu país em busca de oportunidades.

Uma das iniciativas prevê a criação de plantações mais resistentes às mudanças climáticas e treinamentos para jovens e mulheres das áreas rurais e urbanas.

Para passar da migração irregular para a regular, o documento recomenda que os Estados Unidos e os países de destino na região aumentem as vias legais para os centro-americanos, por exemplo com mais tempo no visto temporário.


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