ONU recomenda uso de ciência do comportamento para incentivar atitudes mais sustentáveis

Atitudes como diminuir o consumo de carne, voar menos ou optar pelo uso de energias renováveis podem acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Mas os motivos pelos quais isso não está sendo feito por mais pessoas são questionados pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma. Quais são as barreiras para o consumo de baixo carbono?

O Pnuma alerta que a demanda humana pelos recursos naturais da Terra superou a quantidade do que pode ser produzido, by Foto ONU/ Eskinder Debebe

A agência defende que a ciência do comportamento pode ajudar a entender como as pessoas processam, respondem ou compartilham informação para identificar os motores que transformam a consciência em ação, e a ação para mudança comportamental sustentada.

Mudança Climática

Para o especialista em mudanças climáticas do Pnuma, Niklas Hagelberg, as “pessoas em geral são positivas em relação a mudança climática e a neutralidade do carbono, mas estes podem ser conceitos abstratos e remotos na vida diária de muitas pessoas.” Por isso, ele acredita que as abordagens de ciência e a mudança de comportamento são essenciais no apoio para alterações de conduta.”

De acordo com a agência da ONU, um número cada vez maior de governos está incluindo a ciência do comportamento em vários aspectos da elaboração de políticas. Estes vão desde a entrega das declarações de imposto de renda dentro do prazo, a diminição de acidentes de trânsito e a promoção da reciclagem e redução do desperdício do plástico.

Demanda

O Pnuma alerta que a demanda humana pelos recursos naturais da Terra superou a quantidade do que pode ser produzido. Em menos de nove meses, são consumidos mais recursos do que o planeta produz em um ano, e o ritmo de consumo continua aumentando. 

Abaixo segue uma lista do Pnuma, destacando cinco formas como a ciência do comportamento pode ajudar a alterar as mudanças de cada dia em direção a práticas mais sustentáveis. 

1 – Torne a opção padrão a melhor opção

Alterar a opção padrão para doação de opt-in, quando se precisa do consentimento prévio, para opt-out, quando se opta pela não doação, transformou os índices de doação de orgãos. Para o Pnuma, se a compensação de carbono fosse a opção de exclusão (opt-out) em vez de opt-in em sites de reservas de companhias aéreas, por exemplo, isso também poderia transformar as taxas de compensação de carbono.

A mudança climática está impactando a zona costeira da Tunisia, afetando os humanos e também a biodiversidade marinha., by Undp/ Tunisia

2 – Alterar como as escolhas são apresentadas para favorecer um comportamento sustentável

Comerciantes desde os tempos remotros entenderam os princípios da arquitetura de escolha: que o vinho de preço médio venderia melhor e que o item caro, se o preço do item de faixa intermediária aumentar. Em um estudo de caso clássico, a revista The Economist observou uma onda de assinaturas combinadas  de serviços digitais e de revistas, que era a opção disponível com o maior valor.  O que gerou a mudança foi uma nova estratégia de preços.

3 – Remover completamente a opção “insustentável”

Os formuladores de políticas podem ultrapassar uma década de comportamentos habituais com mudança lenta, aplicando proibições expressas que podem mudar o comportamento da noite para o dia. Foi o que mostrou a proibição das sacolas plásticas no Quênia. O comportamento habitual que perpetua a dependência do saco plástico é forçado a mudar para a alternativa sustentável. A sacola reutilizável se tornou a nova norma em poucos dias, não em décadas.

4 – Remova o fator de aborrecimento

Torne necessários 20 passos a menos para fazer a coisa certa, e não 20 passos a mais. Você só recebe uma refeição vegetariana numa companhia aérea se tomar as medidas extras para solicitá-la com antecedência. A sugestão do Pnuma é mudar essa situação e servir a opção “macarrão” ou “molho curry”, ambos vegetarianos, e deixar os amantes da carne livres para uma opção de carne no momento da reserva.

5 – Torne a questão pessoal

Dados e análises podem informar quais as mensagens que de forma persuasiva melhoram o comportamento dentro de um segmento de público específico. Implantado para uma ampla variedade de campanhas de informação pública, incluindo campanhas políticas, este deve ser o primeirotipo de estratégia que uma campanha de mudança climática deve considerar, e não o último. Mensagens direcionadas e personalizadas podem, por exemplo, atingir indivíduos economicamente motivados com uma mensagem sobre benefícios econômicos, abordando suas barreiras e motivos.


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