Os desafios e oportunidades do financiamento climático

As alterações climáticas são uma ameaça significativa para a humanidade e, embora existam inúmeras soluções para enfrentar o problema que a Organização das Nações Unidas (ONU) descreve como uma “ameaça existencial”, ainda não é totalmente claro como será feito o financiamento destas soluções.

Os investimentos em energias renováveis e infraestruturas sustentáveis estão a crescer, entre janeiro de 2020 a março de 2021, o gasto em combustíveis fósseis foram superiores.

Muitos países carecem de recursos financeiros para fazer a transição para uma energia limpa e um modo de vida sustentável, sendo assim, para a ONU, o investimento climático é a solução porque irá criar oportunidades significativas para os investidores.

O que é o financiamento climático?

Em termos gerais, o financiamento climático está relacionado com o montante que tem de ser gasto numa série de atividades que contribuirão para reduzir substancialmente as emissões globais de gases com efeito de estufa e limitar o aumento global da temperatura a 1,5°C.

Neste contexto, a ONU criou a campanha emissões zero que tem como objetivo evitar emitir novos gases nocivos para a atmosfera (acrescentar link). Entre as iniciativas que devem ser financiadas para alcançar emissões líquidas zero, incluem-se aquelas que reduzem as emissões de gases nocivos e iniciativas que têm como base soluções naturais para a captura desses gases, como por exemplo, as florestas e os oceanos.

Esta solução de financiamento visa, também, ajudar as populações mais afetadas pelas alterações climáticas a adaptarem-se a estas novas condições.

Porque é que é importante?

Com a subida global da temperatura, as populações mais vulneráveis enfrentam riscos cada vez maiores que começam com a insegurança alimentar e a pobreza.

Com efeito, a ONU estima que as alterações climáticas levarão 100 milhões de pessoas à pobreza, até 2030. Deste modo, são necessários recursos financeiros significativos, investimentos sólidos e uma abordagem global sistemática para enfrentar estas tendências.

Quanto é necessário?

Há mais de uma década que os países desenvolvidos se comprometeram a mobilizar conjuntamente 100 mil milhões de dólares por ano, até 2020, para apoiar a ação climática nos países em desenvolvimento.

Este montante fica muito aquém das despesas militares mundiais estimadas em dois biliões de dólares em 2020 ou dos biliões de dólares despendidos pelos países desenvolvidos, em ajudas relacionadas com a pandemia.

De acordo com um relatório de peritos, elaborado a pedido do secretário-geral da ONU, a meta de 100 mil milhões de dólares não está a ser atingida (os últimos dados disponíveis, de 2018, são de 79 mil milhões de dólares), porém o financiamento climático está numa “trajectória ascendente”.

Faz sentido do ponto de vista financeiro?

A questão que se coloca é se o mundo se pode dar ao luxo em não investir em ações climáticas.

Muitas comunidades já estão a sofrer os efeitos das alterações climáticas, seja a perda de colheitas devido à seca, ou grandes danos nas infraestruturas causados por inundações ou outras condições meteorológicas extremas.

O enviado especial da ONU para a Ação Climática e Finanças, Mark Carney, afirma que o montante de investimento necessário representa uma oportunidade e não um risco, argumentando que os benefícios que decorrem destes investimentos superam dramaticamente quaisquer custos iniciais. Acresce que os investimentos climáticos fazem sentido do ponto de vista económico, pois também impulsionam o crescimento das economias com potencial para criar 18 milhões de empregos até 2030.

De onde vem o financiamento?

O financiamento provém de uma vasta gama de fontes públicas e privadas, que apoiam iniciativas de ação climática a nível local, nacional ou transnacional.

Vários instrumentos financeiros podem ser utilizados para fornecer financiamento climático, como por exemplo, empréstimos diretos baseados em projetos verdes ou investimentos diretos a fornecedores de energia ou tecnologia. Estima-se que uma economia verde produzirá um ganho económico direto de 26 biliões de dólares até 2030, em comparação com o que se tem feito até agora.

Segundo a ONU é necessário combinar a “determinação do setor público com as capacidades empresariais do setor privado”, apoiando os governos a tornar os investimentos climáticos mais fáceis e mais atraentes para as empresas privadas.

Futuro

De acordo com a ONU, o compromisso anual de 100 mil milhões de dólares, “é apenas um passo” para o que vem a seguir.

O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) estima que só os custos de adaptação enfrentados pelos países em desenvolvimento estarão entre os 140 e os 300 mil milhões de dólares por ano até 2030, e 280 a 500 mil milhões de dólares anuais até 2050.

A adaptação é apenas uma parte do complicado puzzle da acção climática, pois existem soluções para fazer a transição para uma economia verde. Os governos, a sociedade civil e as empresas devem unir esforços de modo a assegurar uma transição justa e ponderada.


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