A população da América Latina e Caribe alcançará seu teto em 2058, com 767,5 milhões de pessoas. A partir deste ano, a tendência será de diminuição no número de habitantes, fenômeno associado à queda da fecundidade e a saldos migratórios negativos.
As previsões foram divulgadas pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe da ONU, Cepal.
Idosos
Para o período de 2020 a 2025, a estimativa é de que a população dependente, de jovens com menos de 15 anos e pessoas com 65 anos ou mais, cresça mais do que a população em idade de trabalhar, com entre 15 e 64 anos. O fenômeno vai marcar o fim do bônus demográfico regional.
De acordo com a Cepal, em 2047, os idosos, com 65 anos ou mais, irão superar o número de indivíduos com menos de 15 anos. Em 2050, um em cada cinco latino-americanos e caribenhos será idoso.
A contração demográfica regional a partir de 2059 contrasta com as previsões para o restante do planeta. A população mundial não deve encolher pelo menos nos próximos 80 anos, aponta o organismo das Nações Unidas.
Causas
A comissão destaca que atualmente a América Latina e o Caribe são palco de um processo de transição demográfica, marcada por uma queda acelerada na fecundidade, estimada em 2 filhos por mulher. O número está, pela primeira vez, abaixo da chamada taxa de substituição, termo utilizado para designar um nível de fecundidade que permite à geração dos filhos substituir numericamente a dos pais.
A previsão é de que a fecundidade continue diminuindo, chegando a 1,72 no período de 2070 a 2075.
Crescimento
Outra previsão da Cepal se relaciona à idade média em que as mulheres têm filhos. No início do século 21, essa idade foi calculada em 27 anos. Desde então, o valor aumentou e deve alcançar 27,3 anos ao final do quinquênio entre 2015 e 2020.
Em 2100, o número chegará a 30,7 anos, de acordo com as estimativas da comissão da ONU.
Segundo a instituição, a população regional registra atualmente um crescimento de 6 milhões de pessoas por ano. O número representa uma queda na comparação com 30 anos atrás, no período de 1985 a 1990, o subcontinente viu o número de habitantes aumentar, em média, 8,2 milhões por ano.
A Cepal lembra que essa diminuição foi precedida por uma redução prolongada da mortalidade, observada desde meados do Século 20.
Condições de Vida
O reflexo das melhorias nas condições de vida e na saúde da população é a atual expectativa regional de vida, de 75,2 anos. O índice está acima do verificado para a Ásia, que é de 73,3 e África, com 62,7. Já na América do Norte e Europa essas taxas são de 79,2 e 78,4 respectivamente.
A comissão da ONU aponta que a América Latina e Caribe possuem o segundo menor aumento da expectativa de vida. O índice deverá ter crescimento médio de 0,8 ano no período de 2015 a 2020.
A região só não tem desempenho pior do que a América do Norte, que verá sua expectativa de vida diminuir em 0,07 ano ao longo do quinquênio.
O levantamento da Cepal aponta ainda para discrepâncias dentro da região latino-americana e caribenha. Na Martinica, por exemplo, a expectativa de vida chega aos 82,3 anos, ao passo que, no Haiti, o índice é estimado em 63,5 anos.
Mortalidade infantil
A Cepal lembra ainda que a mortalidade infantil, de crianças com menos de cinco anos de idade, diminuiu na região. Ela passou de 21,04 mortes por mil bebês nascidos vivos no período de 2010 a 2015 para estimados 19,1 óbitos de 2015 a 2020.
No entanto, o índice permanece alto e representa quatro vezes o valor observado na Europa.
Gravidez na adolescência
A comissão da ONU revela também que a taxa de fecundidade das adolescentes de 15 a 19 anos está diminuindo. O índice deve cair de 68,1 bebês nascidos vivos por cada mil adolescentes no período de 2010 a 2015 para 63 de 2015 a 2020. Apesar da queda, a taxa continuará 48% maior do que a média mundial.
Segundo a Cepal, no Brasil, o índice é de 59,1.