Resposta da ONU na Arménia

Segundo o Governo da Arménia, chegaram até agora ao país mais de 100.000 pessoas refugiadas provenientes da região de Karabakh. As equipas da ONU têm estado no terreno a prestar assistência humanitária desde que os primeiros grupos de refugiados chegaram à fronteira arménia.

Na sequência do recente êxodo, uma equipa da ONU entrou na região de Karabakh pela primeira vez em cerca de 30 anos. A missão foi acordada pelo Governo do Azerbaijão, pela ONU no Azerbaijão e pelo gabinete de coordenação da ajuda das Nações Unidas (OCHA). O seu principal objetivo é avaliar a situação no terreno e identificar as necessidades humanitárias.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou a que todas as partes envolvidas respeitassem rigorosamente o cessar-fogo, em conformidade com a declaração trilateral de 9 de novembro de 2020 e com os princípios do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.

Dado o aumento das necessidades humanitárias, as agências sanitárias e alimentares da ONU estão na zona a prestar assistência a traumas e cuidados a queimaduras após a explosão de um depósito de combustível ao longo da rota percorrida pelas pessoas refugiadas. Estão também a distribuir refeições quentes, alimentos ricos em proteínas, cereais e óleo. 

Alimentos e ajuda de emergência imediata 

O Programa Alimentar Mundial (PAM) forneceu 4.000 pacotes de alimentos para ajudar 16.000 pessoas de etnia arménia deslocadas pelo conflito através do corredor de Lachin e está a distribuir 21.000 refeições quentes nos centros governamentais de registo e triagem do Governo da Arménia. 

“As pessoas que chegam à fronteira estão muitas vezes exaustas e necessitam de ajuda de emergência imediata, incluindo refeições quentes e outra assistência alimentar”, afirmou a agência. 

“Estamos profundamente preocupados com o impacto nas vidas e nos meios de subsistência dos civis. À medida que a situação evolui, é importante que as pessoas afetadas recebam apoio humanitário atempado e contínuo“, afirmou a representante do Programa Alimentar Mundial (PAM) na Arménia, Nanna Skau.

Situações “desoladoras” 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a trabalhar urgentemente para apoiar o Ministério da Saúde da Arménia, no âmbito de uma resposta ampla liderada pelo Governo, tanto agora como nos próximos meses. Na sequência da explosão de um depósito de combustível ao longo da rota utilizada pelas pessoas que entram na Arménia, o enviado especial da OMS, Robb Butler, visitou um centro de tratamento de queimados na capital da Arménia, Yerevan, e descreveu o sofrimento como “desolador”. 

“Cada cama deste hospital com 80 camas está ocupada por um sobrevivente da explosão de Karabakh. Os profissionais de saúde estão a lutar para os tratar e reabilitar, mas este é um país pequeno com capacidade limitada e as necessidades são imensas”. 

A agência sanitária das Nações Unidas, por sua vez, está a enviar medicamentos para doenças não transmissíveis que cobrirão três meses de tratamentos para um máximo de 50.000 pessoas.

Esforço coordenado da ONU 

© WHO/Nazik Armenakyan | Área de receção na cidade fronteiriça arménia de Goris

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) criou um espaço seguro para crianças em Goris, que serve diariamente cerca de 300 crianças e os seus pais. Além disso, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), juntamente com a OMS e a UNICEF, está a preparar uma rede de apoio psicossocial para mais de 12.000 refugiados.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) está a apoiar o Governo com equipamento técnico, incluindo computadores portáteis e tablets, para facilitar o registo das pessoas que chegam e distribuiu 150.000 kits de saúde para apoiar tanto os refugiados como as comunidades de acolhimento.

Além disso, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) apoiou milhares de mulheres nos centros de trânsito com kits de dignidade, que incluem pensos higiénicos, sabonete, champô, etc.

Missão da ONU na região

É a primeira vez em cerca de 30 anos que as equipas da ONU têm acesso à região. 

Numa declaração emitida após uma missão na região, a 1 de outubro de 2023, liderada pelo coordenador residente das Nações Unidas no Azerbaijão, juntamente com outros altos funcionários da agência, os membros da missão da ONU puderam verificar que, pelo menos na cidade de Khankendi, não havia sinais de danos nos edifícios públicos.

“A missão ficou impressionada com a forma repentina como a população local abandonou as suas casas e com o sofrimento que esta experiência deve ter causado”, afirmou a equipa da ONU.

 

Para mais informações, consulte: 

Biblioteca UNRIC: Conflito de Nagorno-Karabakh


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