Saúde mental: cuidar em vez de julgar 

Embora a pandemia tenha tido, e continue a ter, um grande impacto na nossa saúde mental, existe ainda a oportunidade de reativar esforços e promover cooperação sobre o assunto, nomeadamente através do Dia Mundial da Saúde Mental de 2022 que se assinala a 13 de outubro.

Tendo em conta a sobrecarga dos serviços de saúde durante a pandemia, aliada às crescentes desigualdades económicas, aos conflitos prolongados e à violência, o cuidado de casos de saúde mental ficou relegado para segundo plano. Desta forma, não é surpreendente que os casos tenham vindo a aumentar e que os seus impactos, a nível económico ou social, se sintam com cada vez mais intensidade.  

Há estudos que demonstram que antes da pandemia, mundialmente, 1 em 8 pessoas vivia com algum tipo de distúrbio mental, e que no primeiro ano da covid-19 se constatou um aumento de 25% das perturbações depressivas e da ansiedade. Segundo o INE, em 2021, quase 27% da população portuguesa manifestou o efeito negativo da pandemia sobre a saúde mental, sendo esta situação mais referida por mulheres do que homens. Em relação a 2019, dados do INE referem que a taxa de suicídio por 100 mil habitantes é de 9,7 (cerca de 10 pessoas por 100 mil), por sua vez mais alta nos homens do que nas mulheres.  

Na sua mensagem para este Dia Internacional, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembra que “alguns países têm apenas dois profissionais de saúde mental para cada 100.000 pessoas. As repercussões sociais e económicas são profundas.”

O líder da ONU sublinha ainda que “só a ansiedade e a depressão custam à economia mundial cerca de 1 bilião de dólares por ano” por isso, é necessário “fortalecer a capacidade dos serviços de saúde para oferecer cuidados de qualidade aos necessitados, em particular aos jovens. Incluindo serviços baseados na comunidade e a integração do apoio à saúde mental nos sistemas de saúde e de assistência social mais abrangentes.”

Pandemia da covid-19 continua a ter impacto na saúde mundial.

Além destes números, que por si só já são preocupantes, existe ainda o estigma e a discriminação, que são barreiras à inclusão social e ao acesso a cuidados adequados. Não levar a sério uma doença porque ela se manifesta mentalmente e não fisicamente é injusto e pode ter graves consequências (suicídio, isolamento social, violência doméstica, etc.). Assim, é importante o aumento da consciência sobre a realidade da saúde mental, como afeta as pessoas e quais as intervenções preventivas que funcionam. 

É necessário trabalhar por um mundo em que a saúde mental seja valorizada, promovida, protegida e onde todos possam ter acesso aos cuidados de saúde mental de que necessitam. Assim sendo, a OMS irá trabalhar com parceiros para lançar a campanha “Tornar a Saúde Mental e o Bem-Estar para Todos uma Prioridade Mundial”. Esta será uma oportunidade para pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno mental, governos, empregadores, entre outros, se reunirem para reconhecer não só o progresso neste campo, mas também delinearem estratégias, objetivos e planos de ação que visem promover a prevenção de doenças do foro mental e o seu devido cuidado. 

 


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