2021: o ano de desafios causados por eventos climáticos extremos

O ano passado contou com níveis de precipitação e temperaturas elevadas que quebraram recordes, tal como incêndios devastadores e secas debilitantes, que tiveram impactos humanos, económicos e ambientais que irão perdurar durante muitos mais anos.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), os próximos sete anos serão os anos mais quentes de que haverá registo. O fenómeno climático de arrefecimento de La Niña no início e no final do ano passado teve um efeito de curta duração nas temperaturas globais, mas não inverteu a tendência de aquecimento a longo prazo como resultado de concentrações recorde de gases com efeito de estufa provenientes de atividades humanas.

Durante 2021, a OMM avaliou os impactos combinados da variabilidade climática natural e das alterações climáticas e com a potência da supercomputação e da tecnologia de satélite, foi possível prever e monitorizar muitos dos eventos extremos, enquanto que o engenho científico reforçou a compreensão da enormidade das mudanças no sistema climático.

Bruno Gonçalves/WMO

As perdas económicas estão a aumentar à medida que a exposição aos fenómenos climáticos aumenta. No entanto, existem lacunas nas redes de observação meteorológica em muitos dos países em desenvolvimento. O Mecanismo de Financiamento de Observação Sistemática (SOFF, na sigla em inglês) procura mobilizar recursos para reforçar estas redes e para preencher as grandes lacunas nos dados meteorológicos e climáticos básicos, que são centrais para as previsões meteorológicas, esforços de adaptação eficazes e investimentos.

Adicionalmente, existe uma necessidade em constante crescimento de investir na monitorização da evolução da presença de gases com efeito de estufa na atmosfera, através de modelos terrestres, de satélite e de simulação para uma melhor compreensão das fontes e comportamento do dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

Kompas/Hendra A Setyawan/WMO

A OMM monitoriza o estado do clima a nível global e regista eventos extremos, que ceifam milhares de vidas todos os anos. O tufão Rai (conhecido como Odette nas Filipinas) realçou a relação entre eventos climáticos extremos e as taxas de mortalidade, conduzindo a várias centenas de baixas e devastação generalizada num país que é regularmente atingido por ciclones tropicais. O impacto deste tipo de fenómenos tem aumentado devido à subida do nível do mar e aos padrões de precipitação mais intensos.

Muitos destes eventos climáticos extremos são a consequência das alterações climáticas, que se têm vindo a sentir nas últimas décadas. No Canadá e nas partes adjacentes do Noroeste dos EUA, uma onda de calor fez com que temperaturas de quase 50ºC se fizessem sentir no final de Junho, causando desta forma centenas de mortes relacionadas com o calor e alimentando incêndios devastadores. No entanto, em Novembro, esta mesma região foi atingida por precipitações excepcionais e inundações, demonstrando a falta de equilíbrio climático.

Em 2021, vários eventos semelhantes se fizeram sentir um pouco por todo o mundo: o Vale da Morte na Califórnia atingiu 54,4°C durante uma das múltiplas vagas de calor no sudoeste dos EUA em Julho; muitas partes do Mediterrâneo sofreram temperaturas recordes em Agosto e a Sicília atingiu os 48,8 °C, um recorde de temperatura europeu; chuvas extremas atingiram a província de Henan na China em Julho, sendo que a cidade de Zhengzhou recebeu 201,9 mm de precipitação em uma hora (um recorde nacional chinês); a Europa Ocidental também sofreu algumas das inundações mais graves de que há registo em meados de Julho, causando inundações, deslizamentos de terras e mais de 200 mortes.

ADE BAYU INDRA/”PR”/WMO

Desde as inundações na Amazónia às secas na América do Sul e em partes do continente africano, muitos dos impactos das alterações climáticas são sentidos através da água e têm consequências graves a nível humanitário. A OMM estabeleceu uma Coligação Água e Clima para melhorar os serviços globais relacionados com a água, infraestruturas e serviços multi-perigosos, que abrangem os serviços meteorológicos, hidrológicos e climáticos como uma unidade do sistema terrestre. Estabeleceu também um painel de alto nível composto por chefes de estado, ministros, o sector privado e representantes da juventude para dar orientações à coligação.

Ainda há muito mais a fazer e ao longo de 2022, a agência continuará o seu trabalho para reforçar os sistemas de alerta precoce, colmatar as lacunas nas redes de observação meteorológica e hidrológica nos países em desenvolvimento, e salvar vidas e meios de subsistência.


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