480 000 lugares de reinstalação necessários até ao final de 2018

Enquanto oradores na Conferência de Alto Nível sobre os Refugiados a decorrer em Genebra, os altos funcionários das Nações Unidas sublinham a necessidade de fornecer reinstalação e outras respostas ao flagelo dos refugiados, instando os países terceiros a partilhar as suas responsabilidades com os países vizinhos da Síria.

“Nós estamos aqui para responder à maior crise de refugiados e de reinstalação do nosso tempo…Isto requer um aumento exponencial da solidariedade global”, disse Ban Ki-moon, Secretário-geral da ONU, na reunião das Nações Unidas em Geneva, na qual estão presentes os representantes de 92 países, juntamente com organizações governamentais e não governamentais.

Cerca de 4,8 milhões de sírios foram forçados a fugir através das fronteiras ao longo dos cinco anos de guerra, enquanto outros 6,6 milhões estão internamente deslocados. Enquanto as negociações estão em curso para encontrar uma paz duradoura, o chefe da ONU afirma que mais países precisam avançar e proporcionar soluções para os refugiados sírios.

“A melhor forma de oferecer esperança aos sírios é acabar com o conflito”, disse Ban Ki-moon. “. “Mas até que as conversações deem frutos, a população síria e a região continuam a enfrentar uma situação desesperada. O mundo deve avançar, com ações e compromissos concretos. Todos os países podem fazer mais.”

A conferência de 30 de março é um dos muitos eventos chave em 2016 focados nos refugiados sírios. Sucede à Conferência de Londres sobre a Síria, que teve lugar no mês de fevereiro, na qual os doadores prometeram 12 mil milhões de dólares para ajudar as pessoas em necessidade na Siria e na região circundante, bem como para responder às necessidades das comunidades nos países de acolhimento.

“Agora esses compromissos devem ser honradas”, disse o Secretário-geral.

A conferência na qual estão presentes, também, 10 organizações intergovernamentais, nove agências da ONU e 24 organizações não governamentais, serve de preparação para a reunião cimeira da ONU sobre os refugiados, a ter lugar em setembro.

 

Reinstalação para países terceiros e outros caminhos

O foco da reunião de hoje é a necessidade de expandir programas multianuais de reinstalação e outras dormas de admissão humanitária, incluindo o envolvimento de países que ainda não possuem um envolvimento direto nestas iniciativas.

O anfitrião da Conferência, Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para os Refugiados realçou que a responsabilidade de cuidar dos refugiados não deve ser deixada para os países imediatamente vizinhos da Síria mas deve ser igualmente partilhada.

“A magnitude desta crise particular mostra-nos, inequivocamente, que não se pode deixar o grande fardo para ser carregado pelos países perto do conflito”, disse Grandi na reunião em que estiveram ainda os representantes de governos chave do acolhimento de refugiados.

“Oferecer caminhos alternativos para a admissão de refugiados sírios deve tornar-se parte da solução, juntamente com a ajuda aos países da região”, acrescentou.

Entre as soluções identificadas para acabar com o flagelo dos refugiados está a reinstalação por parte para países terceiros. Grandi sublinhou um programa no qual a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) trabalhou com o Canadá para avaliar, selecionar e preparar mais de 26 000 refugiados para começarem uma nova vida, em apenas quatro meses.

Grandi falou sobre outros caminhos que incluem mais mecanismos flexíveis para a reunificação familiar, incluindo os membros alargados da família, regimes de mobilidade laboral, vistos para estudantes, bolsas de estudo, bem como vistos por razões médicas.

“As necessidades de reinstalação superam bastante os lugares que foram disponibilizados até ao momento. No ano passado, apenas 12 por cento dos refugiados em necessidade de reinstalação, que eram, normalmente, os mais vulneráveis, foram reinstalados”, disse Grandi.

É esperado que sejam, hoje, anunciados alguns compromissos de reinstalação adicional e outros lugares de admissão humanitária. No entanto, dado o presente contexto internacional complexo e com a continuação do conflito da Síria, serão precisos lugares adicionais ao longo dos próximos meses e anos, em particular para responder às necessidades dos refugiados mais vulneráveis e para aliviar a pressão sobre os vizinhos da Síria.

 

480 000 lugares de reinstalação necessários até ao final de 2018

O número total de lugares de reinstalação para Sírios está, neste momento, nos 179 000. De acordo com a situação dos refugiados noutros lugares, a ACNUR estima que cerca de 480 000 lugares serão necessários antes do final de 2018.

Antes da conferência, Alice Jay, Diretora da Campanha da Avaaz, entregou uma petição a Grandi com mais de 1,2 milhões de assinaturas de apoio aos refugiados. A petição, recolhida dsde o verão, apela ao aumento da reinstalação e reunificação das famílias, juntamente com apoio financeiro para os países na linha da frente da crise, entre outras coisas.

Avaaz, que significa “voz”, é um movimento “global dos cidadãos” cujas campanhas são realizadas em 15 idiomas e em seis continentes. Uma seleção de fotografias e mensagens de boas vindas aos refugiados, de 23 000 membros do Avaaz, oriundos de todo o mundo, está a a ser partilhada num ecrã junto à sala da conferência.

 

 

30 de março de 2016, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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