Alertas climáticos: o aumento da temperatura global e a desertificação

A COP15 reúne, de 9 a 20 de maio, na Convenção das Nações Unidas sobre o Combate à Desertificação, para debater e trazer alternativas ao fenómeno da seca e da degradação dos solos, quando se estima que cerca de 40% dos solos do planeta estão degradados. Na mesma altura, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) apresenta um relatório que alerta para a possibilidade de a temperatura média anual global atingir o limiar de 1,5 graus celsius. Dois alertas relacionados com as alterações climáticas que mostram o impacto que a ação humana que pode ter na sustentabilidade do planeta e na qualidade de vida das pessoas.

O mundo está próximo de atingir o limiar de 1,5 °C

Existe uma possibilidade de 50/50 de a temperatura média anual global atingir temporariamente 1,5 °C acima do nível pré-industrial durante pelo menos um dos próximos cinco anos, segundo dados no novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Contas feitas, há uma probabilidade de 93% de pelo menos um ano entre 2022-2026 se tornar o mais quente dos registos e tirar 2016 do topo da classificação. A probabilidade da média de cinco anos para 2022-2026 ser superior à dos últimos cinco anos (2017-2021) é também de 93%, de acordo com o projeto ‘Global Annual to Decadal Climate Update’.

A hipótese de exceder temporariamente os 1,5°C tem vindo a aumentar desde 2015, quando o valor estava perto de zero. Entre 2017 e 2021 as hipóteses eram de 10%, aumentando para 50% no período 2022-2026.

Estes são os valores mais baixos previstos para o Acordo de Paris, que cria linhas de ação para os Estados e estabelece os objetivos a longo prazo para reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa, a fim de limitar o aumento da temperatura global neste século a 2 °C.

“Um único ano de ultrapassagem acima de 1,5 °C não significa que tenhamos ultrapassado o limiar icónico do Acordo de Paris, mas revela que estamos cada vez mais próximos de uma situação em que 1,5 °C poderia ser ultrapassado durante um período prolongado”, defendeu o coordenador do relatório, Leon Hermanson.

Para o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, este valor de 1,5°C “não é uma estatística aleatória. É um indicador da forma como as alterações climáticas se vão tornar cada vez mais prejudiciais para as pessoas e para o planeta.” “Enquanto continuarmos a emitir gases com efeito de estufa, as temperaturas vão aumentar. E, paralelamente, os nossos oceanos vão ficar cada vez mais quentes e ácidos, o gelo marinho e os glaciares vão continuar a derreter, o nível do mar vai continuar a subir e as temperaturas vão atingir níveis mais extremos”.

40% dos solos do planeta estão degradados

Até 40% dos solos no planeta terra estão degradados, o que afeta diretamente metade da humanidade e tem consequências em cerca de metade do PIB global (44 mil milhões de dólares). Se esta situação se mantiver, o relatório da Global Land Outlook 2 projeta uma degradação adicional de uma área com quase o tamanho da América do Sul.

“Conservar, restaurar e utilizar de forma sustentável os nossos recursos terrestres é um imperativo global”, pode ler-se no relatório, que foi lançado antes da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, que acontece de 9 a 20 de maio, em Abidjan, na capital da Costa do Marfim.

“Terra. Vida. Legado: da escassez à prosperidade” é o tema da 15ª sessão da COP15. Governantes, setor privado, sociedade civil e outros parceiros vão reunir para impulsionar a gestão dos solos de forma sustentável.

O objetivo é galvanizar soluções sustentáveis para a restruturação dos solos e resiliência à seca, com um forte enfoque na utilização dos solos, numa gestão “à prova do futuro”. À medida que decorre a Década das Nações Unidas para a Restauração do Ecossistema, pretende-se que sejam dadas respostas concretas aos desafios interligados da degradação da terra, das alterações climáticas e da perda de biodiversidade.


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