António Guterres agradece resposta grega à crise dos refugiados

Durante uma missão de dois dias à Grécia, maior ponto de entrada da União Europeia para quase 450 mil refugiados e migrantes até à data este ano, o Alto-comissário das Nações Unidas afirmou ter assistido a uma melhoria da resposta humanitária levada a cabo pelas autoridades locais gregas e sociedade civil. Ao mesmo tempo, António Guterres lamentou a falta de uma resposta eficiente a nível europeu.

 “É fantástico que numa ilha pequena, as pessoas conseguem dar uma resposta, enquanto na Europa Continental, com meio milhar de milhão de pessoas, estão a ter imensas dificuldades”, disse António Guterres ao Presidente da Ilha de Lesbos, Spyros Galinos e outros membros do governo grego.

 “Estamos constantemente a afirmar que esta crise pode ser gerida ao nível europeu, mas para isso ser possível, há diversos pontos que necessitam de ser melhor geridos”.

O chefe do Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (ACNUR) esteve a avaliar condições na ilha grega de Lesbos, o maior ponto de entrada para dezenas de milhares de pessoas que apanham barcos de contrabandistas a partir da costa turca. Guterres afirmou que os governos europeus tinham de igualar “o esforço gigantesco” que a ilha e as suas pessoas têm feito ao lidarem com estes fluxos enormes.

De facto, sem uma abordagem a nível europeu e uma estratégia eficaz para lidar com as chegadas, António Guterres alertou que as redes criminosas continuariam a crescer. “Quando os Estados não são capazes de organizar o movimento de refugiados de forma ordeira, os contrabandistas assumem o controlo e exploram as pessoas”, afirmou.

Falando da sua ilha como uma “das da linha da frente”, o Presidente Spyros Galinos afirmou que o maior problema “não é os números, mas a falta de meios políticos europeus a responderem”. Mesmo assim, afirmou que os gregos continuaram a fazer o que pudessem para resolver a crise e combater os contrabandistas, “que não apenas exploram as pessoas, mas colocam as suas vidas em risco”.

 “Acima de tudo somos todos seres humanos” acrescentou o Presidente. “Temos todos de reconhecer a posição destas pessoas porque há a possibilidade de passarmos pelo mesmo um dia”.

O ACNUR enviou uma equipa de emergência para a Grécia e tem atualmente cerca de 120 funcionários no país para apoiar o governo no seu esforço para responder à crise contínua. A ilha de Lesbos, que de acordo com os últimos censos de 2011, tinha uma população de 85 mil, mas é provável que este número seja atualmente muito maior, tendo recebido 220 mil pessoas durante 9 meses.

Dados do ACNUR registam 160 mil chegadas só em setembro, enquanto os registos da guarda costeira grega apontam para 110 mil.

De acordo com a agência, a maioria dos refugiados e migrantes que chegam a Lesbos são provenientes da Síria, Afeganistão e Iraque. O resto, cerca de cinco por cento, são migrantes e refugiados de países variados como a Índia, Bangladesh, Togo, Níger, Colúmbia, Haiti e Republica Dominica.

A guarda costeira grega em Lesbos recebe entre cinco a dez chamadas de emergência por dia para salvar pessoas em embarcações lotadas.

Ao mesmo tempo, o Vice-Mestre de Porto, Antonio Sofiadelis, líder nos esforços da guarda costeira grega que salvou entre 240 a 400 refugiados todos os dias, afirmou que mais pessoas estão a ser colocadas nestas embarcações frágeis todos os dias: cerca de 60 quando o limite é de 50.

 “Os motores são muito baratos e os contrabandistas não querem saber se os refugiados sabem conduzir os barcos. Isto é algo que nenhum país na Europa tinha enfrentado até agora. Se não estivéssemos lá para os salvar, mais de metade ou mais iria se afogar. Os barcos, viram, alguns inundam quando o chão cede”.

António Guterres também visitou o norte de Lesbos, onde a maioria dos barcos de refugiados chegam. As praias estavam cheias de coletes salva vida laranjas, barcos insufláveis vazios e peças de roupa encharcadas. Cerca de 1050 pessoas chegaram durante madrugadas e voluntários ajudaram-nos a chegar a um abrigo perto onde lhes foram oferecidos alimentos e um lugar quente para dormir num abrigo do ACNUR.

Alguns dos refugiados sírios com quem se encontrou hoje, fugiram diretamente de Aleppo, Damasco ou Homs. Outros sírios afirmaram que não conseguiam mais se manter em países vizinhos devido a cortes na ajuda humanitária e restrições de emprego. Muitas pessoas afirmaram sentir que agora teriam sorte em ficar em segurança nos países europeus onde os refugiados são bem-vindos.

12 de outubro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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