Em Madrid Ban Ki-moon alerta para o crescimento do terrorismo, apelando a resposta conjunta

Apesar dos esforços mundiais, o terrorismo está a intensificar-se juntamente com as ideias violentas que o alimentam. A mensagem vem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon que perante as delegações presentes numa cimeira em Madrid afirmou ser necessária uma resposta com base nos direitos humanos, multidimensional e unitária para combater o flagelo.

 “O extremismo violento representa uma ameaça àpaz e segurança internacional”, afirmou o Secretário-Geral no Club de Madrid, na Conferência “Madrid+10: O Diálogo Global para a Prevenção e Contenção do Extremismo Violento”.

 “Grupos extremistas- tais como o ISIS, Al Shabaab e Boko Haram – prejudicam os valore universais da dignidade e da pessoa humana. Rejeitam o apelo da Carta das Nações Unidas para promover a tolerância e viver em paz em conjunto numa relação de bons vizinhos”.

Observando que o terrorismo é uma ameaça global, Ban Ki-moon elogiou a liderança de Espanha na luta contra o terrorismo e extremismo violento, o seu apoio às vítimas do terrorismo e a sua Presidência do Conselho de Segurança da ONU este mês.

 “Espanha sofreu com terrorismo dentro da sua própria sociedade e ataques para além das suas fronteiras”, acrescentou. “Nunca iremos esquecer os ataques aos comboios em Madrid a 11 de março de 2004, que mataram 191 pessoas e feriram 1800”.

O Secretário-Geral referiu-se ao estabelecimento da Cimeira Internacional sobre Democracia Terrorismo e Segurança por parte do Club de Madrid um ano após os ataques, onde os líderes políticos e sociedade civil desenvolveram a Agenda de Madrid para combater o terrorismo através de um quadro global democrático.

Ainda na cimeira, listou os elementos chave que formaram a Estratégia Global de Contenção de Terrorismo da ONU anunciados pelo antigo Secretário-Geral, Kofi Annan. A estratégia foi adotada pela Assembleia-Geral da ONU em 2006.

 “Mesmo assim apesar dos nossos esforços, o terrorismo está-se a intensificar”, afirmou. “As ideias de extremismo violento que o alimentam também se estão a espalhar, ameaçando reverter o importante progresso de desenvolvimento”. Também observou que os extremistas violentos são responsáveis pelas chocantes violações dos direitos humanos, incluindo execuções em massa, mutilações, tortura, violações, o tráfico de mulheres e escravatura sexual”, sendo que as suas ações “contribuíram para o maior número de refugiados e pessoas deslocadas desde a 2ª Guerra Mundial”.

O Secretário-Geral ainda afirmou que a resposta internacional para combater a violência extrema deveria ser “unitária e multidimensional” e que “a prevenção de conflitos é uma das melhores ferramentas para prevenir a violência extrema”.

Ban Ki-moon mudou depois o seu discurso para as causas subjacentes do problema, observando que os jovens que são recrutados “encontram-se muitas vezes frustrados com os poucos canais disponíveis para que estes consigam levar vidas produtivas e encontrar o seu lugar na sociedade, acrescentando “que muitos destes jovens foram galvanizados e posteriormente radicalizados pelo que observam à sua volta ou nas redes sociais”.

 “Temos de lhes mostrar outro caminho, um caminho melhor”, afirmou observando a importância de salvaguardar os direitos humanos e providenciar canais pacíficos para a resolução de frustrações ao mesmo tempo que sublinhava a importância da boa governação para impedir o aumento do terrorismo a longo prazo.

O Secretário-Geral afirmou que ia apresentar o seu Plano de Ação de Prevenção do Extremismo Violento nos próximos meses, que irá apelar a governos, sociedade e ONU para abordar as causas da violência extrema a nível global, regional, nacional e local. O plano também visa fazer recomendações para apoiar os Estados-Membros, observando que uma prioridade importante será o envolvimento dos jovens.

 “Os jovens são o principal alvo de recrutamento por parte dos grupos extremistas, mas também podem ser os nossos melhores aliados na promoção do entendimento.

Ainda referiu-se a outras iniciativas como o envolvimento com líderes religiosos, tal como o processo de contenção de extremismo violento levado a cabo pelos EUA, criado em setembro na Cimeira dos Líderes pelo Presidente Barack Obama à margem da Assembleia-Geral.

Durante a sua visita à Espanha, o Secretário-Geral também recebeu uma Medalha de Honra da Universidade Carlos III de Madrid, que aceitou em nome dos funcionários passados e presentes da ONU .

29 de outubro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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