Ban Ki-moon lança iniciativa para aumentar resiliência climática dos países mais vulneráveis

No dia de abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21), dezenas de anúncios foram feitos em Paris pelos Governos e líderes dos setores públicos e privados, visando criar soluções para o clima e construir um futuro sustentável.

Uma nova iniciativa para aumentar a resiliência climática dos países mais vulneráveis do mundo foi lançada pelo Secretário-Geral, Ban Ki-moon e 13 agências do sistema ONU.

 “Três em cada quatro crisess humanitárias estão relacionados com o clima”, disse Ban Ki-moon aos delegados presentes numa reunião de alto nível sobre resiliência ao clima, em Paris- Le Bourget, local da COP21.

 “As perdas económicas aumentaram mais do que 50% na última década. Ecossistemas, recursos alimentares e hídricos estão cada vez sob maior pressão. Os mais afetados são as pessoas pobres e vulneráveis – incluindo pequenos agricultores, comunidades pesqueiras e povos indígenas”, alertou o Secretário-Geral da ONU.

De acordo com a ONU, a nova iniciativa – denominada “Antecipar, Amortecer, Redefinir” – pretende fortalecer a capacidade dos países para antecipar desastres, amortecer choques e redefinir o desenvolvimento de forma a reduzir os riscos climáticos.

Espera-se que a iniciativa ajude a responder às necessidades de quase 634 milhões de pessoas, cerca de um décimo da população mundial. Estas pessoas residem em zonas de alto risco, tais como áreas costeiras onde se verifica um aumento do nível do mar ou zonas muito propensas a secas ou cheias.

O fenómeno climático El Niño está cada vez mais forte, o que pode colocar 4,7 milhões de pessoas da região do Pacífico em risco de seca.

Nos próximos cinco anos, a Iniciativa deverá mobilizar investimento e conhecimento científico; criar e operacionalizar parcerias em escala, ajudar a coordenar atividades para chegar a resultados concretos, catalisar investigação e desenvolver novas ferramentas.

 

Aliança Solar Internacional e apoio ao Fundo dos Países Menos Desenvolvido

O Secretário-Geral juntou-se ao lançamento da Aliança Solar Internacional, criada pelos governos da Índia e França. Na presença do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, Ban Ki-moon afirmou que a Aliança irá “permitir que os países em desenvolvimento ricos em sol possam retirar o melhor deste recurso natural abundante”.

 “O amplo apoio a esta coligação internacional é uma prova da ressonância da vossa visão de que a prosperidade por ser alcançada através da energia solar. Tal como o primeiro-ministro afirmou, necessitamos de desenvolvimento sem destruição. A energia solar tem um grande potencial no que se refere à redução da pobreza e à limitação das emissões de gases com efeito de estufa”, acrescentou o líder da ONU.

Ban pediu aos países desenvolvidos para fazerem parcerias com a Aliança Solar Internacional através de apoios tecnológico, desenvolvimento de capacidades e recursos financeiros.

Outros dos destaques da abertura da COP21 foi o compromisso de 11 países doadores de entregarem 250 milhões de dólares ao apoio ao Fundo dos Países Menos Desenvolvidos (FPMD). Trata-se de um fundo para lidar com o clima, organizado pelo Fundo Mundial do Meio Ambiente (FMMA).

Vi com os meus próprios olhos a forma como as pessoas dos países em desenvolvimento estão a liderar o caminho para as soluções climáticas”, afirmou Mary Robinson, a enviada especial do Secretário-Geral da ONU para as Alterações Climáticas.

“No entanto a escala e a natureza internacional das alterações climáticas requer um nível sem precedentes da solidariedade e apoio internacional. O anúncio agora feito deve ser visto do ponto de vista financeiro – dólares, centavos e contabilidade -, mas do pomto de vista da ajuda a milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescentou Mary Robinson.

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Comunicado sobre Reformas de Combustíveis Fósseis e outras iniciativas

No primeiro dia da conferência foi, também, apresentado um novo Comunicado sobre Reformas de Combustíveis Fósseis, por Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas (CQNUAC), e pelo primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key.

O documento apela à comunidade internacional para aumentar os esforços para eliminar, gradualmente, os subsídios aos combustíveis fosseis através da promoção de políticas transparentes, reformas ambiciosas e apoio especializado aos mais pobres.

O Banco Mundial anunciou que tem trabalhado nesta área com quatro países europeus: Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça, de forma a criar uma novo mecanismo, financiado em de 500 milhões de dólares, denominado Mecanismo de Transformação de Ativos de Carbono.

Este mecanismo vai criar incentivos para os países em desenvolvimento reduzirem em grande escala a emissão de gases com efeito de estufa, dando assietência para implementar os planos nacionais desenhados nesse sentido.

Por outro lado, as 20 maiores economias mundiais lançaram a Missão Inovadora, um compromisso para acelerar a inovação nas energias limpas, a nível público e privada, duplicando os investimentos atuais no setor.

De acordo com a CQNUAC, os compromissos nacionais “serão acoplados a uma grande iniciativa do setor privado liderada pelo cofundador da Microsoft, Bill Gates. Empresários, investidores e empresas vão injetar milhares de milhões de dólares para que as inovações criadas em laboratório cheguem ao mercado.”

Por fim, a abertura da COP21 também incluiu novas parcerias entre líderes dos países com maior área florestal, renovando o compromisso de levar a cabo uma ação forte, coletiva e urgente para promover um desenvolvimento rural igualitário, a par de medidas para travar a desflorestação e restaurar ecossistemas perdidos.

Saiba mais sobre a COP21:

Artigos do UNRIC “Tudo sobre a COP21”: Parte I e Parte II.

Site da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável

Site do Governo da França sobre COP21

Outros meios para seguir tudo o que vai acontecer nas próximas duas semanas:

 

01 de dezembro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


Direito Internacional e Justiça

Entre as maiores conquistas das Nações Unidas está o desenvolvimento de um corpo de leis internacionais, convenções e tratados que promovem o desenvolvimento económico...