Ban sobre COP21: “Peço aos líderes mundiais liderança moral e política para com Humanidade”

Pouco antes da abertura da Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas, comumente conhecida como COP21, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou a todos os países e a todos os setores da sociedade para não perderem a oportunidade de chegar a um novo acordo climático universal.

“Estou razoavelmente otimista e convicto de que os líderes mundiais vão adotar um acordo muito ambicioso e universal para a luta contra as alterações climáticas,” disse Ban Ki-moon ao Centro de Notícias da ONU, numa entrevista, este domingo, na sede da Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris. A capital francesa é o palco da conferência, de 30 de novembro a 11 de dezembro.

“Temos vindo a trabalhar muito e há muito tempo – chegou a hora de agir. Tenho assistido a um crescente impulso político entre os Estados-membros. Eles sabem que têm de tomar medidas”, acrescentou.

Veja a mensagem de Ban Ki-moon em vídeo

Antes da abertura da COP21, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC) – a entidade da ONU que organiza a conferência – já tinha recebido planos de ação climática voluntária por parte de cerca de 180 países (Contribuições Internacionais Nacionalmente Determinadas).

Muitos países também têm indicado que gostariam de ver um mecanismo no acordo que lhes permita incrementar as suas ambições de alcançar a meta de limitar o aumento da temperatura global a menos de 2ºC.

Um ponto de viragem

De acordo com especialistas, um aumento da temperatura além desse nível pode causar danos irreversíveis no planeta, fazendo aumentar fenómenos extremos como secas e inundações; que por seu lado agravam a escassez de alimentos e de água potável, sobretudo nos países mais vulneráveis.

Apesar de a comunidade científica reconhecer que os compromissos nacionais apresentados até agora não irão limitar o aumento da temperatura global a menos de 2ºC, Ban Ki-moon sublinhou que um bom resultado na COP21 irá permitir que o mundo  venha a alcançar essa meta mais depressa, sendo um ponto de viragem na vontade política de lidar com o problema.

A conferência deverá contar com a presença de mais de 150 Chefes de Estado e de Governo, que se reunirão no Le Bourget, um centro de conferências no nordeste de Paris.

As negociações decorrem ao longo de duas semanas, com 32 salas de negociação, áreas de trabalho para as delegações, a sociedade civil e jornalistas, bem como diversos estabelecimentos dedicados a eventos específicos.

Entre os eventos dedicados à sociedade civil estão “Uma tarde com Robert Redford”, na sede da UNESCO, a 6 de Dezembro, e a atribuição do prémio Equador de Desenvolvimento – muitas vezes referido como o Oscar do Desenvolvimento Sustentável -, atribuído pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no famoso Théatre Mogador.

 

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Agenda 2030 e clima interligados

Na conferência, a interligação entre as questões de desenvolvimento sustentável e ação climática será um dos temas abrangentes.

No passado mês de setembro, os líderes mundiais adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que é composta por 17 Objetivos (ODS) para acabar com a pobreza, lutar contra a desigualdade e combater as alterações climáticas ao longo dos próximos 15 anos.

Questionado sobre como é que um novo acordo sobre o clima e os ODS estão ligados, o Secretário-Geral da ONU disse que um acordo climático forte, bem implementado no terreno, vai ajudar a comunidade internacional a alcançar os objetivos globais “tornando o mundo melhor e mais seguro.”

“O objetivo número 13 incide sobre as alterações climáticas, mas se não se implementar um acordo sobre alterações climáticas, todos os restantes 16 objetivos serão afetados. Nenhum dos objetivos pode ser implementado isoladamente”, explicou Ban Ki-moon.

“A ciência mostra claramente que o fenómeno das alterações climáticas é causada pelo comportamento humano. É natural que os seres humanos tenham o dever de mudar o comportamento de forma sustentável. Temos de fazê-lo. Não temos tempo a perder. É por isso que peço aos líderes mundiais para demonstrarem a sua liderança moral e política para com Humanidade”, acrescentou.

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Do interesse nacional para o bem comum

Face a um dos momentos mais conturbados a nível global em termos de fome, guerra e doenças; o Centro de Notícias da ONU questionou Ban se não teme que os líderes mundiais pensem mais nos interesses próprios do que no bem comum.

“As alterações climáticas não se preocupam com as fronteiras. Este é um fenómeno global e os líderes compreendem que investir sabiamente na questão das alterações climáticas vai ajudar a dar novo impulso às economias nacionais. Há muitos países que estão a investir em energia sustentável, incluindo a energia solar”, explicou.

O secretário-geral da ONU e o Presidente francês, François Hollande, já reuniram para discutir o estado das negociações e identificar as principais questões ainda em aberto.

Os dois líderes também trocaram pontos de vista sobre a questão da luta contra o terrorismo e partilharam a preocupação com a crescente influência dos extremistas islâmicos do Daesh na Síria e no Iraque.

Face à impossibilidade dos cidadãos parisiences participarem na Marcha pelo Clima, no domingo, por razões de segurança, o secretário-geral da ONU também doou um par dos seus sapatos para a iniciativa simbólica que substituiu a marcha.

A conferência abre oficialmente, no dia 30 de novembro, com a eleição do ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, para Presidente da COP21.

Saiba mais sobre a COP21:

Artigos do UNRIC “Tudo sobre a COP21”: Parte I e Parte II.

Site da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável

Site do Governo da França sobre COP21

Outros meios para seguir tudo o que vai acontecer nas próximas duas semanas:

 

30 de novembro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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